O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 2 de fevereiro de 2008



não há o vazio
porque já aí há forma
o informe também não há
só o querer alcançá-lo
que constrange
a fonte é sempre deturpada pela sede
quando esta não é encarada como um jorro
e os pés
a pele
os braços
as mãos tão ávidas de realidade
os olhos tão repassados de imagens e alucinações
não se fazem ao Caminho
são feitos pelo Caminho
e não para ele
há neste vestir da vida a cada gesto
a cada pulsar cardíaco
uma convocação
e uma fuga
o universo todo é um rasgar
o que se evade
talvez não queira saber de si
quem sabe...

2 comentários:

Luar Azul disse...

Liiindo!!!

Anónimo disse...

Como seria bom que esta foto fosse o nosso espelho...