O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FAZ E OCULTA


intemporal e flagrante
incontornável contraste
:
ao pobre basta o bastante
ao rico não há que baste

9 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Exímio! JCN

(ao rico nada há que baste)

Paulo Borges disse...

Caro Platero, fizeste-me lembrar um dito Zen:

"Onde há desejo tudo falta.
Onde não há desejo tudo sobra"

Abraço

João de Castro Nunes disse...

Lá lembrar... faz; só que não é... poesia! JCN

João de Castro Nunes disse...

Permita que eu tente...ao meu jeito:

Tudo falta onde há desejo,
pois que nada o fartará;
tudo, porém, é sobejo
quando desejo não há.

JCN

platero disse...

a Filosofia é que pode dar uma explicação aproximada do que é legítimo em matéria de ambições pessoais:
quem tem um 2CV aspirar a um AMI,
quem domina a Macedónia ambicionar a Pérsia e o Egipto, mas também a Índia e o mundo por inteiro.

Não sei se já serpenteei "Quadra P´Ra Pular" alusiva a sede insaciável de dinheiro. na dúvida, aí vai, com pedido de perdão a quem já tenha lido:

que o dinheiro é metal vil
não tenhamos ilusões
- quem tem mil quer ter cem mil
quem tem cem mil quer milhões

-grato ao Paulo Borges pela leitura elevada da modesta quadra

-felicito JCN pelo seu regresso ao soneto de inquestionável qualidade

-igualmente agradecido a quem passou por aqui e leu mas não se dispôs a manifestar a sua opinião

Paulo Borges disse...

Gostei muito da quadra, JCN. E muito também do poema do Platero. Abraços

Paulo Feitais disse...

A rapacidade... O pior é que acabamos por nos representar à imagem do dinheiro e da posse: queremos ser superabundantes e super-poderosos.
Essa a pior miséria.
:)

João de Castro Nunes disse...

Não julgue os outros... por si, senhor Paulo Feitais, caso esse seja... o caso! JCN

Flávio Lopes da Silva disse...

verdade verdadeira!
abraço