O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Entra na dança!


No meio do jardim analógico

Estão os macacos de imitação

Põem penas em bonecos

Para consolo zoológico

Duma parca imaginação

Em vez de gritos são ecos

Duma triste repetição

De grandezas passadas

De promessas ousadas

De passadas demasiado largas

Para pernas de morcego

Que vistas largas tem um cego

Só com olhos de ver ao perto?

Ser camelo é num deserto

A melhor sina que pode haver

Mas ser leão é melhor

Se queremos erguer-nos e crescer

À estatura duma criança.

Esta não se desilude do amor

Nem quer ver naufragar a esperança

Tem por único Senhor

O infinito sem nome

E não confunde o ser Doutor

Com o andar a morrer à Fome.

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Gosto desta fase mais bem-humorada, irónica e solta!

João de Castro Nunes disse...

Doutores não faltam; o que falta... são Poetas! JCN

João de Castro Nunes disse...

O mal dos males... são os poetas que andam "a solta"! JCN

Anónimo disse...

Andam poetas à solta, JCN?

"Vocemessê" não chega lá com as pedras?

Mais balanço! JCN :)

(Um sorriso para si, e para o Paulo, "poeta à solta" da lusó-folia!)