O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 10 de novembro de 2009

A morte

A morte é uma simples mudança de vestuário e de cenário; a tragédia é sempre a mesma. Será? O essencial é que não caia o pano definitivamente, separando o palco da plateia. O que é preciso é que o homem, transviado do seu corpo, se encontre no seu espectro, e o seu espectro seja ele, e ele seja o seu espectro por toda a Eternidade. Ámen!

Teixeira de Pascoaes, O Pobre Tolo, Lisboa, Assírio e Alvim, 2000, p.44

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Não será melhor despertar do que ser mero "espectro"? Claro que Pascoaes, ao falar de "espectro", também falava do "espectador" transcendente que em nós é livre de tudo, do bem e do mal.

Anaedera disse...

A morte é o que nos mantém vivos!