quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Saudade e Cantigas de Amigo
Uma experiência do mundo como uma unidade amorosa, onde a música, o canto e a dança surgem associados às próprias poesias, num ritmo de sístole e de diástole, movimento do coração. Aqui se revela o tormento da ausência e a alegria do amor.
António José Saraiva
Aqui, a cultura medieval portuguesa é retratada como uma religião do Amor. Mundo paradisíaco porque Deus é bom para quem tem amor. Uma religião do imanente em oposição a uma religião do transcendente.
Afonso Botelho
"Elemento fundamental da saudade portuguesa são as cantigas de amigo, poesia galaico-portuguesa, anterior à poesia provençal. O pensar como se se fosse a coisa amada."
É esta religião do amor que vamos encontrar em Camões, com centramento da experiência erótica, fortemente acentuada na Ilha dos Amores.
Paulo Borges
António José Saraiva
Aqui, a cultura medieval portuguesa é retratada como uma religião do Amor. Mundo paradisíaco porque Deus é bom para quem tem amor. Uma religião do imanente em oposição a uma religião do transcendente.
Afonso Botelho
"Elemento fundamental da saudade portuguesa são as cantigas de amigo, poesia galaico-portuguesa, anterior à poesia provençal. O pensar como se se fosse a coisa amada."
É esta religião do amor que vamos encontrar em Camões, com centramento da experiência erótica, fortemente acentuada na Ilha dos Amores.
Paulo Borges
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20 comentários:
Um tema... que é um poço sem fundo! JCN
De saudades eu me sinto
morrer a cada momento;
de saudades me alimento:
digo a verdade, não minto!
JCN
Desde que um dia sofri
duma chaga de saudade
todos os outros senti
uma igual enfermidade!
JCN
A saudade é uma ferida
que possui certa doçura
e que uma vez contraída
terá tudo... menos cura!
JCN
De saudade... adoeci
indo parar ao hospital
mas aos médicos pedi
para morrer desse mal!
JCN
Sou neto de trovador
dos tempos de D. Dinis;
por isso morro de amor
em cada trova que fiz!
JCN
Tenho no peito um espinho
que tem nome de saudade;
trato-o com todo o carinho,
pois me dá... felicidade!
JCN
Ai que saudades eu tenho
do tempo em que era feliz!
não sei como me sustenho
sem a minha... Beatriz!
JCN
Como Neruda dizia,
a saudade é como a eiró
que se evade, fugidia,
sem de ninguém sentir dó
JCN
Pois se sou seu amigo
Cantarei junto consigo
Mais a sua Beatriz
E o Rei D. Dinis
Se me sinto seu amigo
Porque não hei-de cantar
Saudades de navegar
conjuntamente consigo
Aprecio o seu cantar
As histórias de Camões
A sua musa inspiradora
Trazem trovas aos milhões
Sendo a saudade um tesouro
que trago dentro do peito
hei-de trancá-lo a preceito
com sete chavetas de ouro.
JCN
Saudade, tanta saudade,
saudade da minha vida,
hei-de morrer da ferida
que como um cancro me invade!
JCN
Para cantar a saudade,
Amigo meu Luís Santos,
há lugar em paridade
para si mais outros tantos.
JCN
Saudade, minha saudade,
saudade do meu futuro,
que mau destino te auguro
e minha alma te adivinha!
JCN
Para cantar-te, saudade,
já não há em Portugal
um trovador ou jogral
que te saiba a identidade!
JCN
Tu já morreste, saudade,
tendo sido o Pascoaes
que te fez os funerais
na maior intimidade!
JCN
E vejam lá que o Pessoa
não largando o escritório
onde leva vida boa
nem sequer foi ao velório!
LCN
Mas mesmo morta, saudade,
nunca serás esquecida,
pois estás comprometida
com a portugalidade.
Só é pena que os poetas
não te tratem como devem
porque ao certo não percebem
tuas raízes... concretas!
Se não fosse o Luís Santos
em paridade comigo
ninguém hoje nos seus cantos
se importaria contigo.
Mas por mais que a gente morda
e nos maltrate à pedrada
podes estar descansada:
por aqui... não parte a corda!
Como nas velhas cantigas
quer de amigo quer de amor
terás trato de favor
e faremos boas migas.
Ai flor, ai flor do verde pinho!
por ti morro de saudade,
morro de amor... que não há-de
mingar um só bocadinho!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Coimbra, 21 de Novembro de 2009.
Parabéns, amigo João. A passagem do testemunho saudoso também passa, e bem, por Coimbra. Impossível que assim, saudade e portugalidade, morram.
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