O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MALDIÇÃO

Naquele dia treze, sexta-feira,
em toda a França o Rei Filipe-o-Belo
a Ordem do Templo dissoveu inteira
subitamente sem ninguém prevê-lo.

Com sanha falsamente justiceira
não lhes deixou um único castelo
e condenando os outros à fogueira,
a Jacques de Molay mandou prendê-lo.

Executado... sem apelação
debaixo de inaudita crueldade,
o Grão-Mestre, na hora da verdade,

ao Rei lançou tremenda maldição
na expectativa de que se reveze
em cada sexta-feira, dia treze!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 13 de Novembro de 2009.

2 comentários:

platero disse...

meu caro,

o senhor é mesmo mestre nesta arte.
Assiste-lhe o direito de a tratar como maior

abraço

João de Castro Nunes disse...

Que bela pedra me atirou... transformada em diamante! JCN