sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O Fanal
Aqui, onde entre mares cresceu a ilha,
pedra e ara súbito como torre erguida,
aqui ascende sob um negro céu
Zaratustra os seus fogos das alturas,-
fanal para navegantes sem rumo,
ponto de interrogação para os que têm resposta...
Esta chama de ventre esbranquiçado
-sua cobiça lança línguas a distâncias frias,
dobra o pescoço para alturas mais puras -
cobra erguida a pino, de impaciência:
este sinal o pus eu em frente a mim.
A minha própria alma é esta chama:
insaciável de distâncias novas,
lança ao alto, ao alto o seu ardor silente.
Porque fugira Zaratustra dos bichos e dos homens?
porque se escapou de repente de toda a terra firme?
Seis solidões conhece ele já -,
mas o seu próprio mar não lhe era solitário bastante,
a ilha deixou-o subir, sobre o monte ele se fez chama,
a uma sétima solidão
lança buscando agora o seu anzol por sobre a fonte.
Navegantes sem rumo! Destroços de astros velhos!
Ó mares de futuro! Ó céus inexplorados!
Lanço agora o anzol a tudo o que é solitário:
dai resposta à impaciência da chama,
agarrai para mim, pescador nos altos montes,
a minha sétima última solidão! -
Friedrich Nietzsche (1844-1900) in Rosa Do Mundo 2001 poemas para o futuro
2. ed. Assírio & Alvim, 2001
pedra e ara súbito como torre erguida,
aqui ascende sob um negro céu
Zaratustra os seus fogos das alturas,-
fanal para navegantes sem rumo,
ponto de interrogação para os que têm resposta...
Esta chama de ventre esbranquiçado
-sua cobiça lança línguas a distâncias frias,
dobra o pescoço para alturas mais puras -
cobra erguida a pino, de impaciência:
este sinal o pus eu em frente a mim.
A minha própria alma é esta chama:
insaciável de distâncias novas,
lança ao alto, ao alto o seu ardor silente.
Porque fugira Zaratustra dos bichos e dos homens?
porque se escapou de repente de toda a terra firme?
Seis solidões conhece ele já -,
mas o seu próprio mar não lhe era solitário bastante,
a ilha deixou-o subir, sobre o monte ele se fez chama,
a uma sétima solidão
lança buscando agora o seu anzol por sobre a fonte.
Navegantes sem rumo! Destroços de astros velhos!
Ó mares de futuro! Ó céus inexplorados!
Lanço agora o anzol a tudo o que é solitário:
dai resposta à impaciência da chama,
agarrai para mim, pescador nos altos montes,
a minha sétima última solidão! -
Friedrich Nietzsche (1844-1900) in Rosa Do Mundo 2001 poemas para o futuro
2. ed. Assírio & Alvim, 2001
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5 comentários:
a sétima solidão
' está envenenada para sempre a alma humana. não ha recurso ou apello senão para a indifferença ou para o desdem, se valesse a pena o esforço de sinceramente desdenhar.'
ricardo reis, prefacio a alberto caeiro
Se um é mau... o outro é pior! JCN
E a indisposição crónica pior ainda... Felizmente a grande poesia, como é o caso, é alheia a tudo isso.
"Grande"... em que sentido? Cumprimento, largura ou altura?...Ou em... fundura?! JCN...
ó jcn...já alguma vez apanhaste um peixe da fundura? vai mas é pescar prós oceanos e deixa-te de rios que não passam de basófias.
á luta
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