O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Da prudência

"Se abraçares a prudência, serás em toda a parte o mesmo; e, segundo a variedade das coisas, e dos tempos o pedir, assim te acomoda às ocasiões; nem as coisas te mudem, mas amolda-te tu a elas: bem como a mão, que ou se abra, e estenda, ou se feche, é sempre a mesma.

[...]

Sê parco em louvar, e mais ainda em vituperar; [...]

Dá testemunho à verdade, e não à amizade.

[...]

Não te arraste a autoridade do que fala; nem atentes a quem diz, mas o que diz; nem olhes a quantos agrada, mas a quais"

- São Martinho de Braga (Dume), Formula Vitae Honestae (Regra da Vida Virtuosa), cap. I, "Da prudência", in Vida e Opúsculos de S. Martinho Bracarense, Lisboa, Na Tipografia da Academia Real das Ciências, 1803, pp.147-150.

12 comentários:

Atento disse...

Merece ser copiada...
Bons momentos de lucidez...
Sábias senteças

meditei e disse...

era mesmo desta "bofetada" que eu estava a precisar! Abençoada!

no entanto disse...

vamos lá ver se resulta...

João de Castro Nunes disse...

Bons conselhos para os palermas anónimos!!

a pensar disse...

com estas "gralhas" todas à volta... não sei não! Ó prudência, não me abandones!!

Atento disse...

E pensar que se perde tanto tempo tentando subverter a natureza das coisas!

Atento disse...

O que seria do caos se o vendaval não agitasse as folhas?

Joana disse...

O mundo precisa de regressar a esta sabedoria clássica e intemporal...

Quatro Confianças disse...

Não confiem apenas na pessoa, mas nas suas palavras;
Não confiem apenas nas palavras, mas no seu sentido;
Não confiem apenas no sentido provisório, mas no sentido definitivo;
Não confiem apenas na compreensão intelectual, mas na experiência directa.

prudência de quinhentos disse...

«...do português de Quinhentos. O português da aventura e do ímpeto de Descoberta. O português que sentia que o maior risco era não arriscar. Que via, tal como o nauta Veloso ante a aparição das ninfas na Ilha dos Amores, "que são grandes as cousas e excelentes/ Que o mundo encobre aos homens imprudentes". Imprudentes por excesso de prudência, virtude burguesa de não desejar senão o que está ao alcance da mão.»

Dhammapada disse...

«Aquele no qual habita a verdade, a justiça, a não-violência, o auto-controlo e a moderação, este sábio monge que afastou as imperfeições é em verdade chamado um ancião.»

Anónimo disse...

um blog da eucaristia domingal, estupido