terça-feira, 25 de agosto de 2009
Reflexões sobre os princípios e a necessidade de um Partido Pelos Animais - II
O antropocentrismo e especismo dominantes na história da civilização, aliados ao egocentrismo individual e colectivo e acentuados e potenciados no mundo moderno e contemporâneo pelo poder tecnológico, com a exploração desenfreada dos recursos naturais e a instrumentalização dos animais não-humanos para fins alimentares, científicos, de trabalho, vestuário e divertimento, sem qualquer consideração pela sua qualidade de seres vivos e sencientes, têm vindo a causar um grande desequilíbrio ecológico, uma diminuição crescente da biodiversidade e um enorme sofrimento.
Esta situação é inseparável de todas as formas de opressão e exploração do homem pelo homem, mas está longe do reconhecimento, denúncia e combate de que estas felizmente são alvo. Considerar normal infligir sofrimento aos animais é uma situação moral e eticamente inaceitável e que lesa a própria humanidade, a todos os níveis, desde o plano ambiental e económico – os processos implicados na alimentação carnívora são porventura a principal causa do aquecimento global, ao que se juntam os custos da produção intensiva de animais para abate, a poluição e o acelerado esgotamento dos recursos naturais - ao do seu bem-estar e saúde física e mental, pondo mesmo em risco a sua sobrevivência. Perante a interdependência de todas as formas de vida num único ecossistema, as agressões à natureza, ao meio ambiente e aos animais são agressões da humanidade a si mesma.
Por este motivo, e embora não se limite a essa questão, o PPA considera ser central e urgente, por razões éticas e para o bem da própria humanidade, uma mutação profunda da sua relação com a natureza, o meio ambiente e os animais, privilegiando-se a harmonia ecológica, o desenvolvimento sustentado e a diminuição progressiva da exploração, dor, medo e stress a que os animais são hoje sujeitos pelo homem, visando-se a sua total abolição. Defender a natureza, o meio ambiente e os animais não humanos é defender o homem, não fazendo qualquer sentido separar as duas esferas de interesses. A luta contra todas as formas de discriminação, opressão e exploração do homem pelo homem deve ampliar-se à libertação dos animais e à defesa da natureza e do meio ambiente, sem o que perde fundamentação, coerência e valor ético.
A diversidade da inteligência humana, permitindo-lhe uma maior antecipação do futuro e das consequências das suas acções, bem como uma maior distância reflexiva perante as emoções, os impulsos e os instintos vitais de sobrevivência, permite-lhe uma maior liberdade de decidir como agir, uma maior consciência dos resultados dessas decisões e acções para os outros seres sencientes e uma maior sensibilidade e abertura às necessidades e interesses dos membros de outras espécies. Tudo isto torna o ser humano responsável por optar pelo egocentrismo especista, ou por não questionar as suas ideias, comportamentos e hábitos especistas, sacrificando os não-humanos com prazer e indiferença. Ao fazê-lo, aceitando como normal e natural fazer sofrer outros seres sencientes, está a degradar a sua humanidade, reforçando hábitos e tendências que mais facilmente o levarão a agir do mesmo modo em relação aos seres humanos.
O PPA defende uma sociedade onde todos os seres sencientes, humanos e não humanos, possam viver numa harmonia tão ampla quanto possível, com bem-estar e felicidade. Os interesses humanos e animais devem ser igualmente tidos em consideração e procurar-se a solução eticamente mais justa quando pareçam estar em conflito, tendo em conta as suas especificidades. No que respeita às históricas tomadas de consciência moral e ética da humanidade, a recusa do esclavagismo, do racismo e do sexismo deve completar-se com a da discriminação baseada na espécie, pois os preconceitos esclavagistas, racistas, sexistas e especistas têm uma mesma natureza injustificável: presumir-se superior e com direito a maltratar, oprimir e explorar outros seres só por se ter mais poder, um diferente tipo de inteligência ou pertencer a uma raça, sexo ou espécie diferentes.
Esta situação é inseparável de todas as formas de opressão e exploração do homem pelo homem, mas está longe do reconhecimento, denúncia e combate de que estas felizmente são alvo. Considerar normal infligir sofrimento aos animais é uma situação moral e eticamente inaceitável e que lesa a própria humanidade, a todos os níveis, desde o plano ambiental e económico – os processos implicados na alimentação carnívora são porventura a principal causa do aquecimento global, ao que se juntam os custos da produção intensiva de animais para abate, a poluição e o acelerado esgotamento dos recursos naturais - ao do seu bem-estar e saúde física e mental, pondo mesmo em risco a sua sobrevivência. Perante a interdependência de todas as formas de vida num único ecossistema, as agressões à natureza, ao meio ambiente e aos animais são agressões da humanidade a si mesma.
Por este motivo, e embora não se limite a essa questão, o PPA considera ser central e urgente, por razões éticas e para o bem da própria humanidade, uma mutação profunda da sua relação com a natureza, o meio ambiente e os animais, privilegiando-se a harmonia ecológica, o desenvolvimento sustentado e a diminuição progressiva da exploração, dor, medo e stress a que os animais são hoje sujeitos pelo homem, visando-se a sua total abolição. Defender a natureza, o meio ambiente e os animais não humanos é defender o homem, não fazendo qualquer sentido separar as duas esferas de interesses. A luta contra todas as formas de discriminação, opressão e exploração do homem pelo homem deve ampliar-se à libertação dos animais e à defesa da natureza e do meio ambiente, sem o que perde fundamentação, coerência e valor ético.
A diversidade da inteligência humana, permitindo-lhe uma maior antecipação do futuro e das consequências das suas acções, bem como uma maior distância reflexiva perante as emoções, os impulsos e os instintos vitais de sobrevivência, permite-lhe uma maior liberdade de decidir como agir, uma maior consciência dos resultados dessas decisões e acções para os outros seres sencientes e uma maior sensibilidade e abertura às necessidades e interesses dos membros de outras espécies. Tudo isto torna o ser humano responsável por optar pelo egocentrismo especista, ou por não questionar as suas ideias, comportamentos e hábitos especistas, sacrificando os não-humanos com prazer e indiferença. Ao fazê-lo, aceitando como normal e natural fazer sofrer outros seres sencientes, está a degradar a sua humanidade, reforçando hábitos e tendências que mais facilmente o levarão a agir do mesmo modo em relação aos seres humanos.
O PPA defende uma sociedade onde todos os seres sencientes, humanos e não humanos, possam viver numa harmonia tão ampla quanto possível, com bem-estar e felicidade. Os interesses humanos e animais devem ser igualmente tidos em consideração e procurar-se a solução eticamente mais justa quando pareçam estar em conflito, tendo em conta as suas especificidades. No que respeita às históricas tomadas de consciência moral e ética da humanidade, a recusa do esclavagismo, do racismo e do sexismo deve completar-se com a da discriminação baseada na espécie, pois os preconceitos esclavagistas, racistas, sexistas e especistas têm uma mesma natureza injustificável: presumir-se superior e com direito a maltratar, oprimir e explorar outros seres só por se ter mais poder, um diferente tipo de inteligência ou pertencer a uma raça, sexo ou espécie diferentes.
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21 comentários:
Como não condordar com tudo? e quem não concordaria?
E qual é a hierarquia?
Salvo primeiro a cegonha ou o bebé? Alimento primeiro os pombos ou os pedintes? Castro primeiro os animais domésticos ou salvo as mulheres vítimas de violência doméstica?
Não se resolve todos os problemas de uma sociedade com um partido.
E no vosso programa não há prioridades nem plano, apenas boas intenções e dessas está o céu cheio.
Do que entendi do que me respondeu, quero dizer-lhe que com animais crescemos todos. E percebi que ainda nada fez por eles mas nunca é tarde.
Vejo que anda mal disposta... Porque há-de haver hierarquias? Porque não será possível cuidar de todos simultaneamente? E, quando não for, há que avaliar caso a caso, embora o sofrimento humano, aumentado pela maior expectativa de futuro da mente humana, possa em muitos casos levar a decidir por cuidar primeiro dele.
É curioso como já conhece um programa que ainda está a ser redigido, com um plano concreto de acção... Isto são apenas reflexões para uma fundamentação geral.
Quando ao que se faz pelos animais, ainda bem que pelos vistos você faz muito. Eu faço o que posso. Neste preciso momento.
Penso que quanto a hierarquias devemos ser pragmáticos, como quando se faz a triagem nos hospitais.
"Porque há-de haver hierarquias?
Porque não será possível cuidar de todos simultaneamente?"
É isso mesmo! Seres são seres, humanos ou não.
É estranho que quando se fala no alargamento dos direitos, não penso aqui nos sujeitos em questão, muitas da reacções negativas prendem-se com uma lógica de repartição da escassez e não com a comunhão da abundância. O vermo-nos sempre a partir dum estado de penúria, individual e colectiva, é a forma mais insidiosa de dissuasão.
Uma sociedade que promova o bem-estar de todos os seres sencientes, até do ponto de vista económico se tornará mais viável e pujante. Da fome do lucro ao lucro da saciedade: todos os passos nesse sentido serão civilizacionalmente importantes.
E não se trata tanto de dar, seja a quem for, seja o que for, mas, talvez, não tirarmos aquilo que não podemos dar: a vida, a liberdade, a dignidade, o modo de ser natural, a longevidade, etc.
Isso não despende recursos. O que é estranho é o incómodo que isso provoca em muitos sectores.
Mas para a frente é que é o caminho...
:)
perdeu-se o sentido da unidade de todas as formas de vida
somos todos uni-verso, o uno diverso
o que se faz a um ser faz-se a si e a tudo
mais umpartido, nada mais, neste caso um pseudo porque o pinto nem vai sair do galinheiro
Basta olhar para os "grandes quadros"...
O PPA incomoda muita gente, porque põe em causa os nossos hábitos mais obscuros e arcaicos...
Como sabe, sou concordante com a sua acção.
Mas confesso que há algo que me tem desiludido com as organizações de defesa à vida animal. Desde criança que me envolvo neste assunto, o qual tb me preocupa, mas pelo radicalismo destas, me desiludi e afastei.
Qual é a vossa perspectiva e acção na produção animal?
O que está em causa, é o fim pelo quais os animais existem ou simplesmente a forma como são tratados?
a ideia de um partido, quando os combatentes pela cidadania se revoltam contra a partidocracia e as benesses que daí advêm soa algo estranha.
concordo que neste sistema é mais fácil criar um partido do que lutar do exterior.
mas não será a nossa obrigação lutar contra o sistema e se essa luta é contra o especismo pode transformar-se igualmente numa luta contra o partidocracismo que é uma espécie em vias de extinção.
ps. considero o ataque a este sistema uma renovação da democracia e não algo perigoso, mas é preciso pensar na forma.
P P A
(Tema para um soneto)
Embarco nessa, desde logo, Amigo:
para a favor dos pobres animais
um partido formar, como os demais,
sem restrições pode contar comigo!
JOÃO DE CASTRO NUNES
(continuação)
Não estou fechado no umbigo,
nem preso a outras restrições,
só não quero que acabem comigo
mandando castrar os anciões!
JOÃO DE CASTRO NUNES, futuro ministro dos negócios estrangeiros do PPA
Que obsessão de se fazerem passar por mim!... Afinem primeiro o cavaquinho! JCN
Os animais são pau pra toda obra, uns os maltratam, outros se servem deles pra subir na política...
Anaedera, o grande objectivo é acabar com a instrumentalização antropocêntrica dos animais não-humanos. Estamos porém conscientes que, enquanto isso não é de todo possível, há que ir fazendo tudo para diminuir gradualmente o seu sofrimento.
Baal, concordo com a denúncia e combate da partidocracia e sou a favor de que cada vez mais cidadãos e movimentos independentes possam concorrer aos diversos actos eleitorais. Acho que isso é fundamental para uma renovação da democracia. É importante, todavia, que isso não se converta num ataque à existência de partidos, que destrua a própria democracia, por mais formal e ilusória que ela seja neste regime de capitalismo selvagem.
Quanto ao resto, agradeço que desconfiem imenso de todos os que se metem na política. A começar por mim e pelo PPA!
Paulo,
Compreendo agora melhor a sua perspectiva, obrigada pela resposta.
Quanto ao resto, um sonho realiza-se sempre, desde que nele haja verdade para o acreditar.
Políticos? Como desconfiar quando se vive no meio deles já antes de se nascer? (he, he)
Vou desconfiando da intenção humana e da não humana também. E às vezes até de mim.
E a propósito de bem estar animal:
http://www.dgv.min-agricultura.pt/bem_estar_animal/bem_estar_animal_new.htm
lol
Então porquê?
(Soneto completo)
P P A
Embarco nessa, desde logo, AmigO:
para a favor dos pobres animais
um partido formar, como os demais,
sem restrições pode contar comigo.
Há que efectivamente haver alguém
que se disponha a dar-lhes protecção
organizadamente, para além
da nossa simpatia e compaixão.
Não há direito de fazer sofrer
desnecessariamente qualquer ser
com sensibilidade como nós.
Ergamos, pois, em coro, a nossa voz
por quem carece de capacidade
para se defender da crueldade!
JOÃO DE CASTRO NUNES
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