O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 30 de agosto de 2009

constância



Não tem agitação o verdadeiro desassossego

O estarmos em desacordo com o que se vê

Na vigília da continuidade

Nem é libertação nem uma iluminação súbita

Um ser humano não nasce para candeeiro

A verdadeira riqueza não está no dinheiro

Nem a pobreza autêntica precisa de prescindir

Seja do que for

Até os bons são maus por serem bons

Não há bondade que supere a liberdade do coração

Fluir e mesmo assim permanecer com tudo

Ancorar o barco no mar sem fundo

Com uma pedra solta a servir de âncora

E não saber do mar mais que a inconstante ondulação

E da terra que a firmeza inabalável está no Íntimo



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