A Pátria que vale a pena
É onde a beleza se instala
Onde a pureza da luz é inigualável
Onde as frontes substituem as fronteiras
Aberta de par em par a casa comum de sermos homens
É onde as mesas se podem cobrir de linho
E onde cada presença é uma totalidade de entrega
Na Pátria não há escadotes para a estupidez subir na vida
Não há Escariotes nem agiotas nem dementes a fingir de sãos
Só há o que há
O que pode ser colhido e partilhado sem os punhais a servir de sombra
Sem os sorrisos de quem tem dobradiças na espinha
Sem panelinha de pedinde na mão de quem quer ser rei
Na Pátria a única Lei é o Amor
O resto é turba insana
Que se engana quando se vê ao espelho
E acredita no que vê
Com os mesmos olhos com que desdenha a outra gente
A Pátria não é indigente
Nem precisa de quem a defenda
E a venda a seu bel-prazer
A quem quer ter poucos iguais
Ter uma Pátria exclusiva é castigo demais para quem nasce livre
E o Fogo preso dura muito pouco
Para quem se maravilha com o que é diverso
O Universo é demasiado vasto
Para sermos pasto de egoísmos
Chega de malabarismos de pechichinês
Não traz amarras quem nasce português
Nem tem limites o espaço duma vida
Bem ou mal parida
Ser Nobre não é coisa de berço
Nem se ilustra quem é escravo de si
16 comentários:
«Ser Nobre não é coisa de berço Nem se ilustra quem é escravo de si».
«Não é por se ter o cabelo entrançado, nem por nascimento, que alguém se torna num Brahmane. Mas aquele que mora a verdade e a rectidão, esse é puro e é um Brahmane.»
nota: Brahman - aquele que atingiu o equilíbrio e a perfeição nesta vida, que é de carácter NOBRE.
Aquele que mora a verdade e a rectidão que não são mais que a mentira e a tortidão, tudo areia da mesma pátria.
Todos desejam ser Brahmanes... ahahah... assim nunca conseguirão. Todos querem ver Deus. Todos querem ser Deus, fundir-se, misticismo. Há duas vias possíveis nesta vida, não para nos tornarmos Brahmanes mas apenas como modo de existir: o ascetismo e o mundo. a solidão e a comunhão. Embora o ascetismo possa ser feito em comunhão. Mas em solitária comunhão. Encontro de consciências. Forças motrizes, diferenciadas: um. Nunca serei um Brahmane.
Sou sem pátria. Uma folha na imensa árvore da vida. Um grão de areia no infinito areal que é o Universo. Ando à procura dela, mas ainda não a encontrei. A minha pátria é o nomadismo, o nomadismo é a busca do amor, a busca do amor é o desejo de completude, o desejo de completude é o sonho da paz, o sonho da paz é a imaginação da felicidade eterna, constante, permanente. A minha pátria é isso. E não é isso. Porque a pátria é inefável, ou talvez se chame "amor" - "dar e receber".
A minha pátria é algo que ainda não descobri. Não sei o que é, desconheço-a.
quem disse que eu quero ser brahmo? Brahmon? Como se diz? Brahman! Eu quero ser astronauta quando for grande!
Brahmane.
Brahman é D-us.
«A minha pátria é a vacuidade.» Acho que esta frase diz tudo o que não há a dizer. Vou fazer um tatoo no braço com ela. Não... se fizesse a vacuidade tornar-se-ia num grilhão, numa âncora, numa fronteira delimitadora da pátria.
De Nirguna, Saguna.
De Saguna, Brahma.
De Brahma, Vixnu.
De Vixnu, Xiva.
De Xiva, Nirguna.
De Nirguna, Saguna
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pirâmides circulares. novas geometrias. pescadinha de rabo na boca. serpente. eterno retorno - a chave do mundo e a ideia mais difícil de intuir.
essa foto faz lembrar uma pintura de Hopper, ou é mesmo?
Já vi que é foto. Bela.
O corrosivo mal da inveja
A inveja mata, corroendo lenta
mas imparavelmente a alma humana:
é mal que de si próprio se alimenta
e aos poucos vai tornando a mente insana.
Pintaram-na os artistas primitivos
da forma mais horrenda que é possível:
animalescos dentes incisivos,
aspecto facial vesgo e temível.
É sempre deletéria a sua acção
no meio social, embora às vezes
pareça ter o dom da emulação.
Por mim não acredito que assim seja
especialmente quanto aos portugueses
que primam sobre todos pela "enveja"!
Iniquidade
Escandalosamente Portugal
tornou-se num país onde a miséria
ombreia com o grande capital
sem nada se fazer nesta matéria.
Enquanto a maior parte da nação
vive de escassos meios económicos
não falta gente, em postos de gestão,
fruindo de ordenados astronómicos.
Há que denunciá-lo abertamente
e em nome dos princípios da justiça
pôr cobro aos exageros da cobiça.
Entre as populações do continente,
por muito que este quadro se componha,
somos um caso extremo de vergonha!
Paulo
gostei muito
um abraço
O que escreves me recorda
que na terra aonde nasci,
as mesas se cobrem de linho
e vou ganhando alento
para voltar à minha tarefa
de construir uma cidade
Paulo, tens vários versos dignos da mesma antologia em que colocaria os quatro versos finais do poema do Platero!
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