O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Na Sem-fronteira

Até Oriente então, na sem-fronteira,
chegamos a viajar no Expresso sem bagagem,
portados até o porto de Istambul,
minha terra dos dons e as confluências.
Entornou-nos na piscadela das paisagens
em cor vermelha o véu desde a mesquita
para orar à minha deusa Iemajá
na fonte de Allah, Salam, olho em amor.
Ali achei assento de pastora,
útero de loba que acarinha o cordeiro dos deuses
e fiquei. Passou o tempo, já resido.
Solicito reunificação familiar
com irmãos ao longo deste mundo,
espécie homo de Eva e de Lilith.
No caminho perdemos o caminho
com ás de Oriente em borboleta
e quarto endereçado de leões.

8 comentários:

Anónimo disse...

bonito. muito feminino.

Paulo Feitais disse...

quem o bom o recolhimento nessa diáspora...
:)

Iolanda Aldrei disse...

Diáspora diafónica, diacrónica com o olhar nas janelas que abram às palavras do Paulo...
Obrigada, anónimo amigo. Feminino é também um estado da alma e uma parte de nós todos.
Abraços

Anónimo disse...

Amiga Iolanda Aldrei, quem posta neste blog nao pode postar naquela coisa que da pelo nome de «BAR DO OSSIAN»

Iolanda Aldrei disse...

Este blog eu adoro. O bar do Ossian é o blog de uma pessoa que me pediu um texto para publicar ali. Conheço apenas disto. Nao sei mais dele. Apenas posso que nas poucas, e sempre públicas, palavras que trocamos foi muito educado.
Desculpem-me por estar longe e saber pouco, mas... nem conhecia estes problemas. Sempre acredito nas pessoas em quanto nao tenho factos para rejeitar.
E gosto de poder chegar a esta casa maravilhosa e retribuir um bocadinho tantas palavras que me entregam.
Um abraço

Paulo Feitais disse...

Iolanda, no fundo não há "problemas".
O pior que pode acontecer-nos é ver-nos metidos em intrigas e aversões. Considero que é o coração que nos deve servir de guia.
A negatividade deve ficar com quem a alimenta, é esse o tesouro dos que não são capazes de ser dar com inteireza.
Não é melhor não colher as flores e deixá-las ser o que são? O mesmo se aplicará aos cardos que também dão flor...
É que o mundo não tem que ser um jardim, tem apenas que ser aquilo que é.
O coração, sim.
E a visão edénica partilha-se e faz-nos "crescer".

:)

Iolanda Aldrei disse...

Um sorriso, Paulo. Assim é que penso eu, na Sem-fronteira, mesmo. Se feias aparecem essas linhas que a política torna muros onde a terra nao os colocou, mais feias sao ainda as fronteiras entre as pessoas que se criam. Nesta altura, na Terra Verde medrou um cardo que está a florir. Nao admiro menos que as rosas. Nunca comprendi a diferência entre as boas e as más ervas, é por isso que nunca vivo num jardim, mas sim num bosque vivo.
Um abraço de coraçao.

NOTA: No meu anterior comentário, onde está escrito " Apenas posso que nas poucas (...)" queria dizer "Apenas posso dizer que nas poucas (...).

Iolanda Aldrei disse...

Paulo,
Estava a ler e ver o teu blog Devaneios de um peregrino da palavra. É curioso o texto e a foto desta polémica sobre a minha publicaçao no Bar do Ossian intitula-se Flores de Luz como o teu poema e a tua foto do 31 de Maio. Feliz coincidência.
Dou por bom o acontecido apenas por este encontro espiritual.
Um abraço