O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

caos

caos
caos é a palavra
ascese no café - quantos copos?
o mundo perde-se em mim
automaticamente:
perco-me no mundo
ilusões emoções
libertação de peles: não é assim a Serpente?
Que Deus - que deus? - nos proteja - de quê?
força sobre-humana, tudo em mim sustento
excepto a mim
de mim não recatado
vasto campo de mente (não jogo palavras - demente)
ebriedade e sentimento
isto é um poema? que dilema!
Homessa, como diria JCN!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
caos
caos é a palavra.

3 comentários:

João de Castro Nunes disse...

"Pour bien"


Há quem veja na crítica uma ofensa,
abominável por assim dizer,
mas quem desta maneira julga ou pensa
não tem razão nenhuma para o crer.

Aliás, é conhecida a reacção
de Salazar às críticas honestas:
por mais legal que fosse a intenção,
eram-lhe sempre odiosas e molestas.

O mais provável que sucederia
a quem dele dissesse algo de mal
era candidatar-se ao Tarrafal.

Porém, segundo a etimologia,
sem ofender a crítica não passa
dum juízo de valor… que até tem graça!

João de Castro Nunes disse...

"Atirai pedras, medíocres!"
Rubén Darío

Quando o monarca D. João Terceiro
por desacatos que ele provocou
Camões fora da pátria colocou
mudando-lhe em desterro o cativeiro,

um escarninho riso sorrateiro
no rosto dos rivais se divisou
e toda a corte se regozijou
por ver-se livre, enfim, do desordeiro.

O mal foi quando o Poeta ao regressar
na mão trazia para lhes mostrar
o poema que nas Índias compusera:

"Agora atirai pedras" - lhes dissera -
"medíocres de engenho e de talento,
atirai pedras, montes de excremento"!

pedra preciosa disse...

Eu atiro-te pedras, não para te denegrir mas sim para te libertar de todo o ódio que paira sobre ti. Solta-te, abre a janela e respira, sai à rua e sente os raios de Sol na tua pele, oferece flores à tua namorada e faz amor com ela! De certeza que não foram o ódio nem a raiva a fonte de inspiração do poeta que tanto veneras. Vive a vida homem!