terça-feira, 28 de julho de 2009
"A prática do Budismo não implica que a pessoa abdique da sua cultura"
Entrevista com Paulo Borges, publicada no Boletim Informativo nº70, de Maio de 2009, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, pp.18-19.
Segundo Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa, a aproximação dos portugueses ao Budismo pode assumir muitas formas. Alguns interessam-se por aspectos específicos como a meditação, outros aprofundam os seus conhecimentos e tornam-se budistas praticantes.
Desde quando existem budistas em Portugal?
As primeiras actividades organizadas surgem nos anos 70, mas antes disso houve certamente quem se considerasse budista. Registe-se que desde a Idade Média conhecemos uma vida cristianizada do Buda – a lenda dos santos Barlaão e Josaphat (de Bodhisattva) – e tivemos contactos pioneiros com as culturas budistas, a começar pelos missionários, que mantiveram diálogos teológico-filosóficos muito interessantes com os budistas, ainda hoje esquecidos em manuscritos inéditos. Antero de Quental aprendeu sânscrito para ler textos budistas e o Budismo interessou e marcou Wenceslau de Moraes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, entre muitos outros. Assim o mostra o livro que organizei, com Duarte Braga, intitulado O Buda e o Budismo no Ocidente e na Cultura Portuguesa.
Quem são os budistas portugueses? É possível caracterizá-los?
Somos uma comunidade constituída sobretudo por nacionais, embora exista um número importante de chineses. Não é fácil caracterizar os budistas portugueses. É uma comunidade que abrange várias faixas etárias e pessoas com diferentes actividades e estatutos sociais. Maioritariamente, a comunidade budista está entre os 18 e os 50 anos. Há bastantes pessoas com formação académica, alguns ligados ao meio universitário, mas também muitos com outro tipo de actividades e formações.
Calculamos que possam existir cerca de quinze mil budistas em Portugal. O que é evidente é que o número de adesões aumenta, acompanhando o grande crescimento do Budismo no Ocidente. Temos também a noção de existirem muitas mais pessoas interessadas no Budismo. Temos testemunhos de pessoas que pertencem a uma religião, nomeadamente a Católica, mas se revêem no Budismo em certos aspectos da sua visão do mundo, como por exemplo numa ética não limitada ao homem, respeitadora de todas as formas de vida, e numa maior importância dada à experiência pessoal, em detrimento do dogma. Existe algo de singular que é o Budismo ser quase que uma segunda religião para muitas pessoas, que se reconhecem na atitude e na abertura budista, embora não adiram propriamente a todos os pontos da sua filosofia.
Temos uma difusão nacional, mas a maioria dos budistas praticantes localizam-se no Porto, em Lisboa e arredores e também no Algarve.
Que tipo de percurso têm as pessoas que aderem ao Budismo?
Há muitos percursos diversos, mas em geral as pessoas começam a interessar-se pela meditação, não por desejarem ser budistas, mas por lhes trazer a paz e serenidade que procuram. A partir daí, começam a interessar-se pelos seus fundamentos filosóficos. No decurso desse processo, encontram mestres das várias escolas budistas que convidamos para ensinar em Portugal, como aconteceu com S. S. o Dalai Lama, cujas visitas se traduziram por um grande crescimento da nossa comunidade e actividades.
Há quem também comece por contactar a literatura budista, que conta com vários livros de qualidade, em português. Nesses casos, é a partir da teoria que surge o interesse pela prática da ética e da meditação. Contactando um centro budista, as pessoas participam em actividades comunitárias como a meditação em grupo, a oração e a recitação de mantras, a par da integração disso na sua vida pessoal e quotidiana.
O que procuram essas pessoas?
Como referi, a maior parte das pessoas não procura imediatamente o Budismo, mas antes reduzir a sua ansiedade e stress, gerir melhor dificuldades na vida e praticar meditação. Ora esta é um contacto com uma dimensão mais profunda de nós mesmos, que suscita o desejo de saber mais acerca dos princípios e da visão do mundo que a fundamentam. É aí que as pessoas se começam a interessar pelo Budismo como busca de orientação para as suas vidas, procurando entender qual o sentido e quais as potencialidades da existência humana, em termos de desenvolvimento espiritual e ético.
O que oferecemos na União Budista Portuguesa respeita essas duas grandes motivações. Para as pessoas que visam melhorar a sua qualidade de vida mediante a estabilidade emocional e mental, oferecemos cursos mensais de introdução à meditação. É uma actividade muito procurada, com cerca de trinta ou quarenta pessoas em cada curso. Para quem, além disso, procura conhecer os princípios do Budismo, como orientação espiritual e ética para a vida, oferecemos cursos de introdução ao Budismo e seminários sobre temas específicos da filosofia budista. Convidamos também mestres budistas credenciados, que vêm do Oriente ou residem na Europa, para proporcionar um contacto mais directo com os representantes vivos desta tradição milenar.
O que significa ser português e budista?
Embora o Budismo surja associado a culturas para nós exóticas, a sua prática, para além das vestes culturais que historicamente assumiu, não implica de modo algum que a pessoa abdique da sua cultura e adopte uma outra. O Budismo é apenas uma via para a mente se libertar de ser causa de sofrimento para si e para os outros, realizando, ao mesmo tempo, todas as suas potencialidades cognitivas e afectivas. Se alguns portugueses que aderem ao Budismo incorporam elementos de uma cultura que não é a sua, passado esse primeiro período de fascínio por uma cultura diversa, e com um maior amadurecimento do praticante, o que fica é apenas a busca do desenvolvimento pessoal ao serviço do bem comum. À medida que se evolui na prática e na tomada de consciência do que é ser budista, fica somente o essencial. Aconselho um livro que traduzi, fundamental para nos libertar das ficções acerca do que é ser budista: O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse.
Existem alguns preceitos difíceis de seguir numa sociedade ocidental?
Contrariamente ao que por vezes se pensa, os preceitos budistas não são fáceis, pois são exigentes em termos éticos e de disciplina mental. E não apenas nas sociedades ocidentais, pois, para quem os queira seguir de forma minimamente rigorosa, são sempre difíceis de seguir em qualquer sociedade, inclusive nas orientais. Mesmo aí encontramos uma prática popular do Budismo que não corresponde necessariamente a uma prática rigorosa. Mestres budistas provenientes dessas culturas têm reconhecido que o Budismo também aí é muitas vezes “praticado” apenas por hábito social, sem grande esclarecimento, como acontece em geral com todas as religiões. Dito isto, certos preceitos budistas, como a não-violência, o amor e a compaixão universais, a abstenção de tudo o que contribua, directa ou indirectamente, para o sofrimento de qualquer ser vivo, com o que isso por exemplo implica de convite a uma mudança de regime alimentar, chocam com muitos hábitos enraizados na tradição ocidental (apesar do vegetarianismo ser um ideal e não uma condição à partida indispensável para se ser budista). A própria prática quotidiana da meditação choca com os hábitos ocidentais de indisciplina mental e ética, confundindo-se ser livre com pensar, dizer e fazer o que se quer, como se todos os pensamentos, palavras e acções não tivessem efeitos positivos ou negativos para nós e o mundo. Para já não falar da visão central do Budismo, a da vacuidade, a de que nada existe em si e por si, mas em total interdependência, sem características intrínsecas. E ainda transcender a percepção dualista, a separação eu-outro, o apego e a aversão egocêntricos. Tudo isso é difícil, mas não especificamente para um ocidental ou para um português. É difícil para um ser humano que esteja demasiado preso a perspectivas, preconceitos e hábitos social e culturalmente herdados e que não tenha a flexibilidade mental para reflectir sobre o seu fundamento.
Como se relacionam os budistas com as restantes comunidades religiosas em Portugal?
Temos relações de grande cordialidade com todas as comunidades religiosas. Destacamos a participação numa iniciativa da Comunidade Mundial de Meditação Cristã, um encontro inter-religioso mensal que procura congregar pessoas de todas as comunidades religiosas para fazerem meditação em silêncio, cada um segundo a sua tradição, após a leitura de textos sagrados de cada religião, à qual se pode seguir um diálogo. O silêncio inter e trans-religioso é a condição indispensável para um diálogo inter-religioso mais profundo. Quanto a este, assumimos o compromisso com S. S. o Dalai Lama de tudo fazer em Portugal para o promover e temos participado em ou organizado vários encontros inter-religiosos, que têm sido bastante fecundos, na medida em que o facto de representantes de várias religiões se encontrarem e dialogarem é, só por si, um exemplo positivo para as suas comunidades. Todavia, ainda se fica um pouco aquém do que seria um debate mais profundo, não só daquilo que nos aproxima, mas também daquilo que nos diferencia. Se o diálogo inter-religioso em Portugal, compreensivelmente, se tem focado mais nos pontos de convergência, penso que, para maior conhecimento e aceitação mútuos, seria conveniente investigarmos também aquilo que nos divide e a sua razão. Como tenho defendido, creio ainda nas vantagens de que este diálogo se alargasse a agnósticos e ateus, em prol de uma cidadania mais aberta e tolerante.
Devo dizer que lamento não termos sido ainda convidados para a Comissão de Liberdade Religiosa, apesar de sermos a comunidade com maior crescimento nacional e de acordo com o princípio de igualdade consagrado na Lei da Liberdade Religiosa. Segundo o mesmo princípio, também me parece extremamente injusto, grave e discriminatório, além de contrário ao mais elementar espírito científico, continuar a não existir nos Censos a possibilidade dos cidadãos se declararem budistas, hindus ou bahá’is.
União Budista Portuguesa
A União Budista Portuguesa é uma federação das principais escolas budistas portuguesas. Nasceu em Junho de 1997, procurando estabelecer em Portugal uma entidade que represente oficialmente o Budismo e que averigue da autenticidade das escolas budistas, reconhecendo-as como autênticas e aceitando-as como seus membros.
Por outro lado, a União Budista Portuguesa pretende também ser um espaço de diálogo e de intercâmbio, não só entre a comunidade budista, a sociedade portuguesa, as outras religiões e o Estado português, mas também de diálogo interno entre as várias escolas budistas existentes em Portugal, representantes do Budismo Tibetano, do Budismo Chan, do Budismo Zen e outras.
www.uniaobudista.pt
Segundo Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa, a aproximação dos portugueses ao Budismo pode assumir muitas formas. Alguns interessam-se por aspectos específicos como a meditação, outros aprofundam os seus conhecimentos e tornam-se budistas praticantes.
Desde quando existem budistas em Portugal?
As primeiras actividades organizadas surgem nos anos 70, mas antes disso houve certamente quem se considerasse budista. Registe-se que desde a Idade Média conhecemos uma vida cristianizada do Buda – a lenda dos santos Barlaão e Josaphat (de Bodhisattva) – e tivemos contactos pioneiros com as culturas budistas, a começar pelos missionários, que mantiveram diálogos teológico-filosóficos muito interessantes com os budistas, ainda hoje esquecidos em manuscritos inéditos. Antero de Quental aprendeu sânscrito para ler textos budistas e o Budismo interessou e marcou Wenceslau de Moraes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, entre muitos outros. Assim o mostra o livro que organizei, com Duarte Braga, intitulado O Buda e o Budismo no Ocidente e na Cultura Portuguesa.
Quem são os budistas portugueses? É possível caracterizá-los?
Somos uma comunidade constituída sobretudo por nacionais, embora exista um número importante de chineses. Não é fácil caracterizar os budistas portugueses. É uma comunidade que abrange várias faixas etárias e pessoas com diferentes actividades e estatutos sociais. Maioritariamente, a comunidade budista está entre os 18 e os 50 anos. Há bastantes pessoas com formação académica, alguns ligados ao meio universitário, mas também muitos com outro tipo de actividades e formações.
Calculamos que possam existir cerca de quinze mil budistas em Portugal. O que é evidente é que o número de adesões aumenta, acompanhando o grande crescimento do Budismo no Ocidente. Temos também a noção de existirem muitas mais pessoas interessadas no Budismo. Temos testemunhos de pessoas que pertencem a uma religião, nomeadamente a Católica, mas se revêem no Budismo em certos aspectos da sua visão do mundo, como por exemplo numa ética não limitada ao homem, respeitadora de todas as formas de vida, e numa maior importância dada à experiência pessoal, em detrimento do dogma. Existe algo de singular que é o Budismo ser quase que uma segunda religião para muitas pessoas, que se reconhecem na atitude e na abertura budista, embora não adiram propriamente a todos os pontos da sua filosofia.
Temos uma difusão nacional, mas a maioria dos budistas praticantes localizam-se no Porto, em Lisboa e arredores e também no Algarve.
Que tipo de percurso têm as pessoas que aderem ao Budismo?
Há muitos percursos diversos, mas em geral as pessoas começam a interessar-se pela meditação, não por desejarem ser budistas, mas por lhes trazer a paz e serenidade que procuram. A partir daí, começam a interessar-se pelos seus fundamentos filosóficos. No decurso desse processo, encontram mestres das várias escolas budistas que convidamos para ensinar em Portugal, como aconteceu com S. S. o Dalai Lama, cujas visitas se traduziram por um grande crescimento da nossa comunidade e actividades.
Há quem também comece por contactar a literatura budista, que conta com vários livros de qualidade, em português. Nesses casos, é a partir da teoria que surge o interesse pela prática da ética e da meditação. Contactando um centro budista, as pessoas participam em actividades comunitárias como a meditação em grupo, a oração e a recitação de mantras, a par da integração disso na sua vida pessoal e quotidiana.
O que procuram essas pessoas?
Como referi, a maior parte das pessoas não procura imediatamente o Budismo, mas antes reduzir a sua ansiedade e stress, gerir melhor dificuldades na vida e praticar meditação. Ora esta é um contacto com uma dimensão mais profunda de nós mesmos, que suscita o desejo de saber mais acerca dos princípios e da visão do mundo que a fundamentam. É aí que as pessoas se começam a interessar pelo Budismo como busca de orientação para as suas vidas, procurando entender qual o sentido e quais as potencialidades da existência humana, em termos de desenvolvimento espiritual e ético.
O que oferecemos na União Budista Portuguesa respeita essas duas grandes motivações. Para as pessoas que visam melhorar a sua qualidade de vida mediante a estabilidade emocional e mental, oferecemos cursos mensais de introdução à meditação. É uma actividade muito procurada, com cerca de trinta ou quarenta pessoas em cada curso. Para quem, além disso, procura conhecer os princípios do Budismo, como orientação espiritual e ética para a vida, oferecemos cursos de introdução ao Budismo e seminários sobre temas específicos da filosofia budista. Convidamos também mestres budistas credenciados, que vêm do Oriente ou residem na Europa, para proporcionar um contacto mais directo com os representantes vivos desta tradição milenar.
O que significa ser português e budista?
Embora o Budismo surja associado a culturas para nós exóticas, a sua prática, para além das vestes culturais que historicamente assumiu, não implica de modo algum que a pessoa abdique da sua cultura e adopte uma outra. O Budismo é apenas uma via para a mente se libertar de ser causa de sofrimento para si e para os outros, realizando, ao mesmo tempo, todas as suas potencialidades cognitivas e afectivas. Se alguns portugueses que aderem ao Budismo incorporam elementos de uma cultura que não é a sua, passado esse primeiro período de fascínio por uma cultura diversa, e com um maior amadurecimento do praticante, o que fica é apenas a busca do desenvolvimento pessoal ao serviço do bem comum. À medida que se evolui na prática e na tomada de consciência do que é ser budista, fica somente o essencial. Aconselho um livro que traduzi, fundamental para nos libertar das ficções acerca do que é ser budista: O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse.
Existem alguns preceitos difíceis de seguir numa sociedade ocidental?
Contrariamente ao que por vezes se pensa, os preceitos budistas não são fáceis, pois são exigentes em termos éticos e de disciplina mental. E não apenas nas sociedades ocidentais, pois, para quem os queira seguir de forma minimamente rigorosa, são sempre difíceis de seguir em qualquer sociedade, inclusive nas orientais. Mesmo aí encontramos uma prática popular do Budismo que não corresponde necessariamente a uma prática rigorosa. Mestres budistas provenientes dessas culturas têm reconhecido que o Budismo também aí é muitas vezes “praticado” apenas por hábito social, sem grande esclarecimento, como acontece em geral com todas as religiões. Dito isto, certos preceitos budistas, como a não-violência, o amor e a compaixão universais, a abstenção de tudo o que contribua, directa ou indirectamente, para o sofrimento de qualquer ser vivo, com o que isso por exemplo implica de convite a uma mudança de regime alimentar, chocam com muitos hábitos enraizados na tradição ocidental (apesar do vegetarianismo ser um ideal e não uma condição à partida indispensável para se ser budista). A própria prática quotidiana da meditação choca com os hábitos ocidentais de indisciplina mental e ética, confundindo-se ser livre com pensar, dizer e fazer o que se quer, como se todos os pensamentos, palavras e acções não tivessem efeitos positivos ou negativos para nós e o mundo. Para já não falar da visão central do Budismo, a da vacuidade, a de que nada existe em si e por si, mas em total interdependência, sem características intrínsecas. E ainda transcender a percepção dualista, a separação eu-outro, o apego e a aversão egocêntricos. Tudo isso é difícil, mas não especificamente para um ocidental ou para um português. É difícil para um ser humano que esteja demasiado preso a perspectivas, preconceitos e hábitos social e culturalmente herdados e que não tenha a flexibilidade mental para reflectir sobre o seu fundamento.
Como se relacionam os budistas com as restantes comunidades religiosas em Portugal?
Temos relações de grande cordialidade com todas as comunidades religiosas. Destacamos a participação numa iniciativa da Comunidade Mundial de Meditação Cristã, um encontro inter-religioso mensal que procura congregar pessoas de todas as comunidades religiosas para fazerem meditação em silêncio, cada um segundo a sua tradição, após a leitura de textos sagrados de cada religião, à qual se pode seguir um diálogo. O silêncio inter e trans-religioso é a condição indispensável para um diálogo inter-religioso mais profundo. Quanto a este, assumimos o compromisso com S. S. o Dalai Lama de tudo fazer em Portugal para o promover e temos participado em ou organizado vários encontros inter-religiosos, que têm sido bastante fecundos, na medida em que o facto de representantes de várias religiões se encontrarem e dialogarem é, só por si, um exemplo positivo para as suas comunidades. Todavia, ainda se fica um pouco aquém do que seria um debate mais profundo, não só daquilo que nos aproxima, mas também daquilo que nos diferencia. Se o diálogo inter-religioso em Portugal, compreensivelmente, se tem focado mais nos pontos de convergência, penso que, para maior conhecimento e aceitação mútuos, seria conveniente investigarmos também aquilo que nos divide e a sua razão. Como tenho defendido, creio ainda nas vantagens de que este diálogo se alargasse a agnósticos e ateus, em prol de uma cidadania mais aberta e tolerante.
Devo dizer que lamento não termos sido ainda convidados para a Comissão de Liberdade Religiosa, apesar de sermos a comunidade com maior crescimento nacional e de acordo com o princípio de igualdade consagrado na Lei da Liberdade Religiosa. Segundo o mesmo princípio, também me parece extremamente injusto, grave e discriminatório, além de contrário ao mais elementar espírito científico, continuar a não existir nos Censos a possibilidade dos cidadãos se declararem budistas, hindus ou bahá’is.
União Budista Portuguesa
A União Budista Portuguesa é uma federação das principais escolas budistas portuguesas. Nasceu em Junho de 1997, procurando estabelecer em Portugal uma entidade que represente oficialmente o Budismo e que averigue da autenticidade das escolas budistas, reconhecendo-as como autênticas e aceitando-as como seus membros.
Por outro lado, a União Budista Portuguesa pretende também ser um espaço de diálogo e de intercâmbio, não só entre a comunidade budista, a sociedade portuguesa, as outras religiões e o Estado português, mas também de diálogo interno entre as várias escolas budistas existentes em Portugal, representantes do Budismo Tibetano, do Budismo Chan, do Budismo Zen e outras.
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11 comentários:
“Morre-se tão lentamente e aos poucos: cada dente, cada músculo, cada osso, despede-se individualmente, como se fosse nosso amigo íntimo.”
Hermann Hesse, Elogio da Velhice
Saudade do que não é.
Saudade do que não há.
Ó Mestre, o budismo melhora-nos a atitude?
Não me dás confiança, não é? Estás a passar ao largo... Fazes bem. Homem honrado não tem ouvidos. DEVIAS PÔR UMAS PRÓTESES!
Mestre, acho seriamente que estás a sofrer uma grave crise de mutismo psicógeno. Estás isolado no teu mundo interior e sentes enormes dificuldades em produzir linguagem. Estou com receio que tenhas uma deformação maciça e definitiva. Penso que encontraste um meio para escapar a uma realidade insuportável, talvez a deste blog. Vou esperar um pouco mais porque esta doença requer muita paciência. Mais logo dar-te-ei notícias de ti.
Pois é mestre, o teu caso é bicudo.
Aguenta firme. Eu vou salvar-te dessa garganta obstipada!
Tem que haver condições mínimas de produção, mestre. Não queres ter uma presença actualizante? Vais ficar assim desactivado, desabsorvido? Olha, vou esperar mais um bocadinho porque tenho fé que consigas conciliar esses antagonismos interiores que transmites neste silêncio inquietante. Acredito no devir da tua linguagem! Acredita também!Então até já.
Mestre, lamento dizer-to: estás morto!
Gostaria de lhe perguntar: Considera possivel apresentar um doutoramento sobre temática relacionada com o budismo (nomeadamente a escola Soto Zen), m taoismo, e a atitude terapêutica na Psicanalise? Refiro-me a apresentar na Univ de Lisboa. Pode por gentileza dar-me alguma indicação sobre isto? Muito obrigado. ~/\~
Sim, creio que é possível. Contacte-me em pauloaeborges@gmail.com
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