segunda-feira, 20 de julho de 2009
A Baqueante
Não sei onde estará o retiro que eu quero
Não sei se o há
Havendo-o, não o vejo
Não o havendo, mais o anseio
Ainda mais concretamente
O desejo
Nunca fui de encobertos, da bruma em glória
Sou, desde tenra memória
De frescas alvoradas macias azuis
Antes,
De ocasos cor de fogo e prenhes de tudo
Contudo
Contudo…
O retiro que eu queria não se retira dessa fímbria
Dessa fina tira da reminiscência
Não assoma agora
Àquela porta
Não se adentra pelas janelas que batem com as correntes de ar
(Será que há ar, no retiro a que aspiro?
Aspirar sem respirar não poderia!)
Será talvez castigo este desencontro
Este apartamento, o desmembramento de sentir
Se amores tenho
Qual a impossível razão
Deste ansiado check-in para a Utopia
Que é, como sabemos, nenhum lugar?
De que tépida desrazão é feito o mundo?
Os mornos serão cuspidos
Como eu cuspo tudo, neste serão
Porque é verdade que a cidade é putrefacta e me enoja deveras
Assim como é sabido do fim prematuro de todas
As Primaveras
Por causa das psicopáticas alterações climáticas
Lamento meus caros
Mas é talvez verdade que já não tenha
Forças simbólicas
Pernas erráticas
Sonhos desvairados e sãos
Talvez a existência seja um arame farpado
De mil nãos
De mil mãos
Fechadas
Talvez afinal todas as histórias de infância fossem para nada
E o meu retiro não seja sequer
Em parte alguma
...
E se agora tergiverso
É decerto porque
Já não me sobram versos para descortinar
A dúvida
De saber se também inexisto
Como aquele lugar
Que não é
Pois não?
Não sei se o há
Havendo-o, não o vejo
Não o havendo, mais o anseio
Ainda mais concretamente
O desejo
Nunca fui de encobertos, da bruma em glória
Sou, desde tenra memória
De frescas alvoradas macias azuis
Antes,
De ocasos cor de fogo e prenhes de tudo
Contudo
Contudo…
O retiro que eu queria não se retira dessa fímbria
Dessa fina tira da reminiscência
Não assoma agora
Àquela porta
Não se adentra pelas janelas que batem com as correntes de ar
(Será que há ar, no retiro a que aspiro?
Aspirar sem respirar não poderia!)
Será talvez castigo este desencontro
Este apartamento, o desmembramento de sentir
Se amores tenho
Qual a impossível razão
Deste ansiado check-in para a Utopia
Que é, como sabemos, nenhum lugar?
De que tépida desrazão é feito o mundo?
Os mornos serão cuspidos
Como eu cuspo tudo, neste serão
Porque é verdade que a cidade é putrefacta e me enoja deveras
Assim como é sabido do fim prematuro de todas
As Primaveras
Por causa das psicopáticas alterações climáticas
Lamento meus caros
Mas é talvez verdade que já não tenha
Forças simbólicas
Pernas erráticas
Sonhos desvairados e sãos
Talvez a existência seja um arame farpado
De mil nãos
De mil mãos
Fechadas
Talvez afinal todas as histórias de infância fossem para nada
E o meu retiro não seja sequer
Em parte alguma
...
E se agora tergiverso
É decerto porque
Já não me sobram versos para descortinar
A dúvida
De saber se também inexisto
Como aquele lugar
Que não é
Pois não?
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19 comentários:
Isto é uma crise, não é verdade!? Bem vinda ao grupo.
Recordando...
«Mas tu, ó terra de glória
S'eu nunca vi tua essência
Como me lembras na ausência?»
Camões, 'Redondilhas'
Baqueante por baqueante, prefiro uma Bacante...
obrigada, é bom sinal quando deixamos alguém em lágrimas. um beijo.
Também tenho baqueado bastante..
Baqueiro dá bida, baqueiro dá mais sabor... (Publicidade à margarina).
"De todas as coisas seguras, / a mais segura é a dúvida" Brecht em "Um Homem é um Homem" - tem dias, em que se cospe mais
O homem que se cospe é um porco. Disso não há dúvida.
oink!
MATANÇA!!!!
já cá não está o porco cuspidor! irra!
ohhh
Tamborim,
Muito Obrigada pela partilha. Adorei este regresso e esta dúvida. já tinha saudades destas palavras vindas de si e das imagens que costumam acompanhar :)
E esta dúvida que alimenta e dá sangue e lágrimas para continuar a procurar uma resposta...
Depois de muito tempo fica mais pesada. Há dias em que parece que dá força e alimenta a pele. Há outro que parece que destrói qualquer brisa que alivía.
Beijinhos de Sereia*
estás sempre triste, sereia, porquê?
Caro Anónimo,
não costumo responder a perguntas que me fazem em posts que não são da minha autoria, mas acho que vou quebrar esta regra, só desta vez.
Na verdade, eu nem sempre estou triste :)
Mas, muitas vezes, o que me vem à cabeça quando quero deixar um comentário no post de alguém de que gosto são estas coisas...
Não é meu objectivo deixar comentários tristes mas, muitas vezes, calha :)
Nem sempre eu os considero assim tão tristes... são sentimentos e só por isso é que os escrevo, sejam eles quais forem, são os que sinto e não tenho por hábito negar o que sou. Se são considerados sempre tristes, que posso eu fazer?
Esclarecido?
:)
Beijinhos a todos*
Olha, considera a realidade irreal e inútil que vais ver que não sentes mais emoções.
Outra amiguinha.
Obrigada pelos vossos comentários,especialmente à Anónima que chorou, a quem mando um beijo trans-cósmico (e porque não um bocadinho cómico também para aliviar desta inaturável estopada que vos infligi), à Analogic e à Sereia a quem, em desacordo com o aqui questionado, não acho triste, mas portadora de uma vitalidade e de uma poesia persistentemente radiosas.
Beijos e abraços no meio de toda a indagação possível - é que os afectos existem mesmo, haja ou não retiro.
Como sabes que é anónima, se assinou Anónimo!?...
Esse anónimo, com lágrimas, deve ser uma mulher, sim. Agradeceu dizendo: "obrigada".
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