quarta-feira, 29 de julho de 2009
Espanha: somos cadáveres. Seremos sementes?
"Em Espanha a vida ainda não é eficaz, isto é, não é ainda mecanizada; para o Espanhol, a beleza é mais importante que a utilidade prática; o sentimento mais importante que o êxito; o amor e a amizade mais importantes que o trabalho. Em resumo, o que se sente é o atractivo de uma civilização próxima de nós, estreitamente ligada ao passado político da Europa, mas que recusou empenhar-se na via que é a nossa, a da mecânica, da religião da quantidade e do aspecto utilitário das coisas.
[...] o movimento popular espanhol não se dirige contra um capitalismo chegado ao termo do seu desenvolvimento... mas contra a própria existência desse capitalismo em Espanha... A concepção materialista da história, fundada na crença no progresso, jamais encontrou eco junto dele... O que fere a consciência do movimento operário e camponês espanhol não é a ideia de um capitalismo que se perpetuaria indefinidamente, mas a própria aparição desse capitalismo. Tal é para mim a chave da posição privilegiada do anarquismo em Espanha"
Creio que Espanha pode designar aqui Hispânia, Península Ibérica. Assistimos hoje ao enterro das últimas resistências a este processo. Somos esses semi-cadáveres. Serão os mortos sementes?
- F. Borkenau, Spanish Cockpit (1936-1937), Paris, Champ Libre, 1974, pp.28 e 29-30 (Michael Löwy / Robert Sayre, Révolte et mélancolie. Le romantisme à contre-courant de la modernité, Paris, Payot, 2007, p.113).
[...] o movimento popular espanhol não se dirige contra um capitalismo chegado ao termo do seu desenvolvimento... mas contra a própria existência desse capitalismo em Espanha... A concepção materialista da história, fundada na crença no progresso, jamais encontrou eco junto dele... O que fere a consciência do movimento operário e camponês espanhol não é a ideia de um capitalismo que se perpetuaria indefinidamente, mas a própria aparição desse capitalismo. Tal é para mim a chave da posição privilegiada do anarquismo em Espanha"
Creio que Espanha pode designar aqui Hispânia, Península Ibérica. Assistimos hoje ao enterro das últimas resistências a este processo. Somos esses semi-cadáveres. Serão os mortos sementes?
- F. Borkenau, Spanish Cockpit (1936-1937), Paris, Champ Libre, 1974, pp.28 e 29-30 (Michael Löwy / Robert Sayre, Révolte et mélancolie. Le romantisme à contre-courant de la modernité, Paris, Payot, 2007, p.113).
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12 comentários:
Há textos interessantes sobre a rebeldia.
Tendo em conta que isto está aberto ao público, deviam satisfazer toda a gente.
é interessante a ideia de transcendência do anarquismo espanhol e, concordo, português. transcendência encontrada não na religião mas numa 'força estranha'.
por todo o lado forças lutam contra o neo-liberalismo, possivelmente sem o sonho dos resistentes na península, mas isso é nosso.
aconselho(?) a 'praça diamante'de mercês reb(d)oreda.
por uma anarquia da felicidade. pela lu(t)a.
O teu caso é outro baal - gaguez e neurose. Tu desejas falar, mas não consegues. Só consegues a insatisfação do interlocutor. Um gago é um impotente oral. Tenta ser sedutor verbalmente, mas depois hesita em revelar-se. Exprimes a duplicidade do teu inconsciente. Mas acredito que depois de várias sessões fiques bem.
Julgo que nos tornaremos sementes quando tivermos coragem de lutar contra os pilares neo-liberais que sustentam o mundo que nos rodeia. Todavia, antes de nos virarmos para fora, teremos de eliminar a força-matriz que obscurece o nosso espírito, o ego. Eliminar passa simplesmente por reconhecer a verdadeira natureza dessa força que é vazia e desprovida de realidade intrínseca. Lutar contra sistemas que nos aprisionam é lutar contra as forças "neo-liberais" que ilusoriamente habitam dentro de nós: o apego, a aversão e a surdez perante a voz interior que nós somos, a nossa eternidade. Seremos livres quando formos capazes de re-conhecer a natureza do desejo como simplesmente uma emanação, uma auto-radiância do nosso continuum. Seremos livres quando disciplinarmos todos os dias a nossa mente através da meditação e re-conhecer o que nós somos por entre véus e energias que não são mais do que aquilo que nós somos. Seremos livres quando um dia despertarmos e constatarmos que afinal não despertámos, que afinal nós não somos e que não ser é ser na eternidade as "sementes" de um mundo livre, des-coberto e amoroso.
ÀS ARMAS!
é assim força estranha, é o hábito da clandestinidade, neurose não me parece mas aceito. duplicidade do inconsciente também não, tentar ser sedutor muito menos, obrigado pela sugestão, vou começar a ir mais vezes ao cinema.
Contra os canhões não marchar!
Baal, vai ver "A nona porta".
vale bem a pena... é espectacular!
Seremos livres quando formos felizes.
Todos os cadáveres são sementes de algo. Mas cadavéricos já nada podem. Só quem ainda não morreu pode lutar.
Baal e Kunzang Dorje, gostei dos comentários. Saúde!
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