sábado, 25 de julho de 2009
aprender a viver
falo igualmente de uma outra religião- a da transmutação.
em setúbal, na caldeira do rio onde toda a vida nasce. quando criança aprendia a ver ea espantar-me com o fluxo da vida ao sabor das marés. caranquejos, bivalves, pequenos peixes, tudo fluía num movimento imparável. a terra funda-nos as raízes, omar empura-nos para um fluxo eterno. a religião do movimento e da solidez. o mundo.
em setúbal, na caldeira do rio onde toda a vida nasce. quando criança aprendia a ver ea espantar-me com o fluxo da vida ao sabor das marés. caranquejos, bivalves, pequenos peixes, tudo fluía num movimento imparável. a terra funda-nos as raízes, omar empura-nos para um fluxo eterno. a religião do movimento e da solidez. o mundo.
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7 comentários:
Fantástico. Será a infância de cada um o fundamento da sua religiosidade?
A infância é religiosidade. A infância da alma, não sei se a cronológica. Desculpe intrometer-me, pois vinha apenas dizer ao Baal que este texto é muito "caosmico", como diria Deleuze. E que na infância também andei por esse rio e por uma lagoa pródiga em seres múltiplos e diversos e que eu tinha a ideia de que conseguia contar a multiplicidade, mas só até ao dia em que percebi, como disse, "não tenho dedos para contar mais" (nessa altura a multiplicidade ia até dez...como se expande (!), depois, ou a limitamos, noutro sentido). Então decidi contar de outra maneira. Não sei se decidi...
Parece-me que só há religião onde há transmutação e junto à foz. O resto não sei que chamar-lhe...
Grato meu bom amigo.
post muito belo.
Pub. ao que escrevi no meu blogue há pouco:
na praia do vento habita a serpente sem tempo.
ninguém mais habita ou passa aqui. só eu e a serpente conhecemos este nunca.
nesta praia de soli-dade, vem ao meu encontro sempre que me deito no areal fino.
vem de longe, dos rochedos à minha esquerda, dos seus nuncas, para que nos percamos nos nossos sempres.
sob o céu atlanticamente laivado a escuridão, morremos para a vida morta.
despertos para a morte viva ultrapassamos todas as fronteiras, bebemos o vinho da sagrada ilusão.
embriagados espantamos o tempo que espantado se interroga sobre o nosso ser devirante.
descobrindo a sua própria ignorância percebe-se criado e vassala a nossa inconsciência do sempre ter ou não ter havido - que interessa?
já libertos damos connosco nos rochedos e mergulhamos lentamente e sem susto na atlântica escuridão.
subitamente nada mais somos que imanência de luz raiada, tudo agarrando de mãos abertas na sua sensualidade.
O teu cântico embriagado transversa as irregularidades de todo-o-terreno e despenha-se na ravina dos meus sentidos.
Ó Deus do céu da minha boca, a ti rezo para que te Kedes em silêncio e, veloz, abandones este lugar sem promessa de dentes! Afasta de mim este cálice, pá!
A viver já aprendi quanto baste; agora o que me falta... é aprender a morrer! Talves o aprena na universidade socrática em curso acelerado. JCN
para sensorial, obrigado.
isabel, a multiplicidade é infinita depende da capacidade desejante e dos agenciamentos que realizas.
luta contra freud, opta pela esquizo-análise (riso).
rui, quem melhor que um biólogo, para agradecer um post, sobre a 'caldeira de troia'. maltez és um poeta, mas nunca serás um poeta do povo alentejano, porque o povo esse sim, é um grande poeta.
jcn, a morte é chata, acaba-se a luta.
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