O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 30 de julho de 2009

negrume azul


lenta agonia
a decomposição dos estados de alma
expostos aos elementos singrantes da eterna alba
que consome por dentro os compostos
magmáticos em estratos sedimentares
feridas do tempo preenchido de desejo e ansiedade
sombra de sombra
o desamparo e as promessas que irrompem
do fundo do esquecimento
o chão que cicatriza a perdição
a película de espuma que nos separa do abismo
e os rugidos do vento
vindo do colapso dos tempos no princípio
a memória espiralada do nada que nos regurgita
a golpes de cítara lava dos começos
o ermo labirinto de treva e fátuas aparições
plenitude naufragada no aqui

3 comentários:

Anónimo disse...

Em conformidade.

jiscley inês disse...

Paulo!

Sublime!!!

vindo aqui disse...

Ai que excitação!