sábado, 28 de agosto de 2010
Estou aqui
Como podia estar acolá dentro de um vaso
Numa de experimentar ser flor
Que come e bebe do que lhe dão
Podia estar na Jamaica a apanhar calor
Ou no fundo de um poço possante
A criar laços de amizade com o silêncio
Podia estar em qualquer parte do mundo
A contar anedotas num palco
Estar viciado em literatura moderna
E comer páginas inteiras para fingir que morro
Podia dizer que sou outra coisa
Para além daquilo que sou e teimo
Pedir a direcção do mar a uma gaivota
Que veio à cidade comer uns aperitivos
Podia ir mais abaixo que o fundo de mim
Verificar se por lá existe alguma porta aberta
Por onde o vento arrasta os mendigos,
Os frutos e as manhãs nucleares
Cantar o amor à janela de uma janela qualquer
Ou medir distâncias entre o passado e o futuro
Com um morto em pé
Ou fundar o amor a par da revolução que aí vem
Podia engolir a bússola que me há-de dizer
Para que lado fica os poetas mortos
que nas mulheres fazem alegrias
Onde é que se sonha com uma perna às costas
Quem anda por aí a dizer que a verdade pariu pela boca
Podia evitar sal na comida e assim evitar poemas salgados
Cair ao chão, partir-me em quatro
E aprender como se inicia uma nova vida
Sem dar baixa nas finanças
Procurar um céu dentro do céu
Ver Deus a costurar asas aos Homens
Com o fio de uma extensa lágrima
Podia morrer de vez em quando
Para assustar o sonho e a vida
Cantar como se fosse o primeiro
A quem a morte o beijou
Podia ir à casa do Herberto H.
E falar-lhe das minhas plantações de poemas
Mas sei que o Herberto H. tem a sua plantação de poemas
Mais bem cuidada do que a minha
E está louco, mas a rir,
Porque os homens acham que a plantação faz-se na terra
Espero um dia colher bons poemas à boca de sino
E chamar os amigos cá a casa para um almoço
Dar um verso a cada um
E no final chamar o cão-poeta para fazer um bailado
Podia ser marinheiro, ideia a percorrer o mar,
Azul terra, verde céu, menino branco no colo de mãe-preta,
Podia ser grande como o Herberto H.
Ou como o Daniel
Que antes de ser livro fora árvore andante
E eu podia ser o nem tão pouco mais ou menos
Ou aquela luz que a noite roubou
Sim podia, mas a verdade é que eu estou aqui
E daqui vejo tudo a crescer
Os poemas também
Isto é,
Desde que o sol não seja em demasia
E as minhas mãos não façam tremer a paisagem
Como podia estar acolá dentro de um vaso
Numa de experimentar ser flor
Que come e bebe do que lhe dão
Podia estar na Jamaica a apanhar calor
Ou no fundo de um poço possante
A criar laços de amizade com o silêncio
Podia estar em qualquer parte do mundo
A contar anedotas num palco
Estar viciado em literatura moderna
E comer páginas inteiras para fingir que morro
Podia dizer que sou outra coisa
Para além daquilo que sou e teimo
Pedir a direcção do mar a uma gaivota
Que veio à cidade comer uns aperitivos
Podia ir mais abaixo que o fundo de mim
Verificar se por lá existe alguma porta aberta
Por onde o vento arrasta os mendigos,
Os frutos e as manhãs nucleares
Cantar o amor à janela de uma janela qualquer
Ou medir distâncias entre o passado e o futuro
Com um morto em pé
Ou fundar o amor a par da revolução que aí vem
Podia engolir a bússola que me há-de dizer
Para que lado fica os poetas mortos
que nas mulheres fazem alegrias
Onde é que se sonha com uma perna às costas
Quem anda por aí a dizer que a verdade pariu pela boca
Podia evitar sal na comida e assim evitar poemas salgados
Cair ao chão, partir-me em quatro
E aprender como se inicia uma nova vida
Sem dar baixa nas finanças
Procurar um céu dentro do céu
Ver Deus a costurar asas aos Homens
Com o fio de uma extensa lágrima
Podia morrer de vez em quando
Para assustar o sonho e a vida
Cantar como se fosse o primeiro
A quem a morte o beijou
Podia ir à casa do Herberto H.
E falar-lhe das minhas plantações de poemas
Mas sei que o Herberto H. tem a sua plantação de poemas
Mais bem cuidada do que a minha
E está louco, mas a rir,
Porque os homens acham que a plantação faz-se na terra
Espero um dia colher bons poemas à boca de sino
E chamar os amigos cá a casa para um almoço
Dar um verso a cada um
E no final chamar o cão-poeta para fazer um bailado
Podia ser marinheiro, ideia a percorrer o mar,
Azul terra, verde céu, menino branco no colo de mãe-preta,
Podia ser grande como o Herberto H.
Ou como o Daniel
Que antes de ser livro fora árvore andante
E eu podia ser o nem tão pouco mais ou menos
Ou aquela luz que a noite roubou
Sim podia, mas a verdade é que eu estou aqui
E daqui vejo tudo a crescer
Os poemas também
Isto é,
Desde que o sol não seja em demasia
E as minhas mãos não façam tremer a paisagem
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1 comentário:
munta bonito
queres vender?
abraço
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