O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tempo de Chuva

Há muito que ouço a canção da chuva,
Durante o dia, noites a fio,
Pairando, suspensa, caindo como em sonhos,
Envolta num clamor eterno e sempre igual.

Assim me soou outrora no distante reino
Dos chineses a música deslizante,
Um cantar de grilo alto e sempiterno,
Mas encantador em todos os momentos.

Cair da chuva e música chinesa,
Cascata de música e bramir do mar,
Que poder é este? Que fascínio
Me arrasta pelo mundo fora?

A vossa alma é a nota eterna,
Que não conhece tempo nem mudança,
De cuja pátria há muito escapámos,
E cuja lembrança nos arde no coração.

 - Hermann Hesse

3 comentários:

Anaedera disse...

Talvez Saudade!

Kunzang Dorje disse...

Talvez a vontade de desvendar o que há para além das nuvens...

baal disse...

pátria, alma, música, dança, tempo, memória, matéria...
coisas estranhas, bem no íntimo sabemos que não existimos. (um piscar d'olho à saudades (retirando do não existir a música e a dança). e k. e a. a isto chama-se dar imagem/letras aos animais.