O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Nós outros todos"

"Nós outros todos, que vivemos animais com mais ou menos complexidade, atravessamos o palco como figurantes que não falam, contentes da solenidade vaidosa do trajecto. Cães e homens, gatos e heróis, pulgas e génios, brincamos a existir, sem pensar nisso (que os melhores pensam só em pensar) sob o grande sossego das estrelas"

- Bernardo Soares, "Livro do Desassossego".

1 comentário:

Anaedera disse...

Estranha frase e pensamento mais estranho ainda.

Quem se pode contentar com solenidades?

Animais não serão de certeza, porque estes, quando são vaidosos, já estão humanizados.

Temos sim, a riqueza de poder reconhecer o palco e saber aceitar no silêncio o papel que nos incutem.

Pois as estrelas nunca se calam, como diz o povo estas sempre "marcam" na pele, quem as aponta.