domingo, 25 de abril de 2010
O Espírito
A razão voluntária essencial de me ver católico não seria a da existência de um Deus Pai ou de um Deus Filho; seria a da crença no Deus Espírito Santo. É o Espírito o que une Pai e Filho, dos quais vem tudo o resto, como criação da redenção; é o Espírito o traço comum de sujeito e objecto, por onde se estabelece todo o diálogo; é o Espírito a fonte indefinível de onde a vida pode fluir sob quaisquer formas, aquelas que eu conheço e venero ou não, e aquelas de que nem sequer posso ter uma ideia; é o Espírito que anima os que estão comigo e os meus adversários; foi o Espírito quem me trouxe o Cristo e quem a outros trouxe Buda, Maomé e Lao-Tseu; foi o Espírito quem me deu Eckhart e quem me deu a geometria analítica; nele se reconciliam Aristóteles e Platão, nele se acabam as geografias, ou políticas, que separam Ocidente de Oriente. Por ele a Igreja é, e só o será enquanto Ele o quiser; quando se canta «Veni, creator Spiritus», inicia-se a maior aventura da História: porque nunca se sabe o que Ele irá criar; e pode não criar coisa nenhuma e refluir à Unidade essencial; (...)
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