O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 11 de abril de 2010

Enganei-me no verbo. Um verso bem feito deve ser todo refeito. Feito e refeito.
Antes que eu tivesse tempo de apagar e reescrever o sentimento, a verdade mostrou-me que todo o verso estava no avesso. Quem não conhece não sofre.


Faz um par de anos que estou à porta do Paraíso.

Dizia-se que uns merecem mais, outros que quase não merecem nada e por fim existem uns outros tantos que não deveriam merecer mesmo nada, mas o universo é generoso e fá-los acreditar que até a miséria é um bem a ser apreciado.
Estes últimos fazem-me lembrar aquelas meninas nos bailes de escola, que ficam sempre sentadas sabendo desde o primeiro momento que nunca serão convidadas para dançar.

Ainda agora cedi o meu lugar a dois amigos que mostraram pressa em entrar. Assustei-me com a voracidade dos dois. Esse querer tão claro contrasta com a ausência do meu.

Sou como as meninas do baile que passam a noite sentadas.
Na sala há suor. Na cadeira a vontade de suar.

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