O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Contemplações

Da imensidade pacífica do mar elevam-se as ondas agitadas. Da imensidade morta do tempo destacam-se as horas vivas, que bailam em volta do Sol, com os Anjos e os Demónios.
O mar é a Eternidade, a onda é a hora. A onda exalta-se no seu bailado, endoidece e suicida-se de encontro às penedias. E o seu cadáver de espuma, coberto de flores, bóia sobre as águas em que, por fim, se dissolve. A onda regressa à intimidade calma do mar. A hora funde-se, outra vez, na Eternidade.

 - Teixeira de Pascoaes

(...)

De tanto cantar
não resta da cigarra
senão a casca

 - Matsuo Bashô

1 comentário:

platero disse...

grato pelos dois momentos

abraço