O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 26 de abril de 2010

civilização



“Falas de civilização,
e de não dever ser,
ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem,
ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes,
sofreriam menos.

Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.

Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.

Se as coisas fossem diferentes,
seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres,
seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
a querer inventar a máquina de fazer felicidade!”

Alberto Caeiro

3 comentários:

platero disse...

o mal não está em nós querermos um mundo diferente.
mal a sério é se pudéssemos
- impô-lo a toda a gente

Anaedera disse...

nem mais,
a intenção vê-se na atitude impositora,
cujo véu encobre o vazio das acções...
e muito triste fica o coração que isto reconhece.

baal disse...

que coisa tão estranha a felicidade. contra quem, por quem. conceito inventado sem fim nem princípio. e os infelizes?