O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Dez "asas" a sobrevoar o tempo que corre


O tempo é um buraco para onde caem as coisas que aconteceram. É ele que torna possível o impossível.

O tempo é um lago onde dormem as flores que seguem à tona das águas. O tempo é acordarmos dele, a flutuar no mar.

O tempo é um Oceano renascido e renascente: inesgotável como tudo o que é eterno.

O tempo é o Nada onde dormem as nossas lembranças mais antigas. Nascemos com ele?

O tempo é o mistério do que é relativo. O tempo impede que as coisas aconteçam todas ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

O tempo tem asas, diz-se. A nossa profunda individualidade é como o tempo: peregrina no coração dos outros.

Tempo é uma fotografia. O instante em que as bolhas de água se desprendem da onda.

O tempo não existe. Existiu muito antes da criação, à espera dela.

O tempo não espera - diz o povo. - O tempo é deus e deus é número!

O tempo é fonte, jorra no jardim da alma. É lá que roda sobre si mesmo, jorrando vida.

5 comentários:

baal disse...

'chatear' a saudades

o real não existe. o único real são as actualizações do virtual, este sim o real porque imanência em fluxo,nem objecto nem sujeito.

o tempo não existe, os fluxos são continuos.

o nada é ontológico. permite o ser.

a filosofia nadifica.

o nosso eu subjectivo/consciência é virtual, imanência, fluxo.

antes da criação o nada.

deus não é número, a matemática é verdadeira mas não rigorosa, são os números inteiros que os matemáticos não sabem explicar.

o tempo não é condição de vida,. condição de vida é o espaço.


a saudades tem saudades de tudo porque é actualização do virtual universal.

abraço (conversa de verão)

Anónimo disse...

...não chateia nada, baal(agora azul, como seu casaco e gravata...)

O real só existe porque existimos, se não existirmos, não há real, ou o real inexiste para nós... Nem objecto nem sujeito, nem voz... Silêncio, portanto.

Os fluxos e os refluxos são a própria matéria do tempo e do pensamento dele.

A filosofia nadifica, mas sobre o Nada se erguem as grandes filosofias da alma!

Não há subectividade nem objectividade, a poesia não se pensa com os mesmos movimentos da razão... o filósofo serás tu!

O Nada é a Saudade de Si. Ela é divina.

Deus é a eterna plenitude do nada. O homem é a sua mesma sombra: saudosa.

As conversas de Verão são virtuais, tal como o seu abraço:)

(um sorriso, sem tempo. E... conversar, nunca foi "chatear". Ainda por cima, a esta hora, da sua lucidez, e do meu enorme cansaço!... )

baal disse...

será a poesia a forma capaz de libertar a vida não humana presa na forma-homem.

bom descanso

platero disse...

saudades

quis plantar aí uma rosa selvagem, munta bonita, quase cor vestuário Alix, para saudar o teu regresso, mas desconsegui.
Tenho equipamento (media?) novo, e ainda não sei bem como lidar. Como tu com o teu cão, entendes?
Olha, fica a intenção. Boa, de que dizem está o Inferno a abarrotar.

um par de bêjos em substituição

Anónimo disse...

Platero,

Muito agradeço essa rosa de cor tão rara, como a que floresce,sobre as nossas cabeças.

Eu nunca daqui saí, Platero, de qualquer modo as tuas rosa parecem ser duma extrema beleza, e para mais sendo selvagem, mais naturalmente cresce na paisagem.

Parabéns pelo teu novo equipamento (tens que fazer um workshop... tal como eu, para conseguir o que sem ele "desconsigo")

É sempre um prazer.

Um abraço.