O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Maldita economia que nos rouba a elegância de uma mesa bem posta.
Joguei contra a parede o último cálice.  Marcava a minha diferença. 
Sou agora tão pobre quanto todos os outros miseráveis. 
Doença epidemica que prolonga a vida.
Não há pão que assista o meu ventre inchado de fome.
Ao meu lado, dorme o cão vadio. 
Maldita economia que nos roubou a elegância de um cão bem posto.
Branco de preferência.

Dançam borboletas na paisagem verde
Adormece a leoa coberta com amor
Vive a vida, a hora, sem pressa
Morna, suada, preguiçosa.
Deixo que o vinho escorregue pela garganta
Desenhe em mim um poema sem regras
Aqueça meu corpo.Encontre meu ventre e procrie.
Criança desejada, semente de amor.

Encontra a Besta o Anjo com sede
Amor adiado.