O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CÁRCERE

Quem
ousou aprisionar-me
neste túmulo?
Quem roubou a minha liberdade?
Já não voo nas asas do Pássaro Invisível,
nem sopro com o vento num céu despido de Inverno.
Deixei de me confundir na luz,
braços não tenho para abraçar o ar,
outros mundos não percorro,
presa, neste excrucitante corpo!

Caminho contudo,
no desalento.
Desespero, numa onírica visão
sem fronteiras.
Desperto, num agonizante grito de dor.
Liberdade, brado eu!
Morte, sussuram eles...

Afasto as cortinas, eis que flui luz.

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