terça-feira, 27 de abril de 2010
"a oração mental"
«[... ] a oração mental. No meio do ruído da corte, e dos concursos do paço, recolhia-se sua majestade [ D. Maria Francisca Isabel de Sabóia] por muitas horas ao seu oratório como a um deserto e ali, levantando o espírito sobre todas as coisas cá de baixo, ouvia da boca de Deus, no silêncio da contemplação, aqueles altíssimos desenganos, e via, no espelho da eternidade, aquelas claríssimas luzes, em que o tudo e o nada são da mesma cor: em que o tudo e o nada têm a mesma conta; em que o tudo e o nada têm o mesmo peso; em que o tudo e o nada têm as mesmas medidas; e por isso nenhuma mudança ou variedade das coisas humanas lhe alteravam o coração, tendo-o sempre unido com a vontade divina. E como nesta união da vontade humana com a divina consiste a suma da santidade, e a santidade suma, [...]»
- Padre António Vieira
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1 comentário:
Ir ao oratório como a um deserto é talvez dos não lugares onde eu mesma, ou o que em mim é mais silencioso e fundo e calado, gostaria de sempre estar. Não sou dama de Sabóia, sou poeta...(nem isso sou, mesmo...) Mas, quantas vezes, no alto da minha coroa de folhas verdes, me não senti também rainha do reino onde o tudo e o nada não têm limites, onde o tudo e o nada são o imenso mesmo espelho do nada que sou.
Tudo, ainda, me é muito ou pouco, a indiferença já ronda, sim, mas a divina vontade ainda não tornou o meu coração indiferente a alguns ruídos, aos do Amor, decerto não. A oração mental pede que sempre o tudo caiba nessa luz...
A minha oração mental também vai para vós, decerto. Serpentinos, Entre Outro(s) que por cá andam a acreditar no poder da oracção e da acção.
Um abraço, para Sempre!
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