O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um idílio

Considero-me uma mente não iluminada e, falsa e escondidamente, uma mente iluminada. A verdade é que não sou uma mente iluminada. Também, o que é uma mente iluminada? Se o soubesse, seria uma mente iluminada. Tão rapidamente me ilumino como me obscureço e, nestes últimos tempos - oh, esquecida infância! -, mais obscurecido tenho estado do que iluminado. Não conheço, ultima e maioritariamente, iluminação que não a dos sentidos... mas que belas iluminações me têm dado, ao longo da minha parca e pouco importante vida! Tenho-me recordado, não sem me iluminar (a visão, não eu), de uma das mais belas iluminações que tive em toda a minha vida; foi quando estava na Jamaica, terra do Sol, da fertilidade, da madeira e do povo sofredor e corajoso, cujo relaxado lema é "no problem, it's just the situation": como turista papalvo que sou, fui para um resort em Negril, às costas do meu papá... bem, o que interessa é que saímos do dito e fomos andar a cavalo (a minha primeira vez: o mais lindo nas coisas é descobri-las) para umas enormes montanhas hiper-verdejantes no meio do nada, sob o calor abrasador do excelso Sol, ao fundo o mar - estão a ver? Um idílio. Guardo, porquanto existir, esta bela memória, que aqui partilho com o leitor, esperando nele despertar se não a memória, a imaginação que, porventura, poderá iluminar o seu coração, porque não acredito que tudo seja sofrimento mas, também, amor. Pachola, não? Abraços.

4 comentários:

Anónimo disse...

Grata pela partilha. A evocação idílica pode ser fundadora de renovados idílios presentes e futuros.
Prossiga a Demanda!

Anónimo disse...

Se o sol se colocasse tanta questão, sobre estar ou não iluminado e o que é isso, estávamos bem arranjados...

Anónimo disse...

Pensar às vezes é como acender fósforos em plena luz do dia...

afhahqh disse...

Anónimo: é verdade ha ha ha :)