O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 23 de novembro de 2010

dueto, o nós

não questiones a sintaxe
olha-te para lá do verbo
sê livre como um livro a galgar caminhos
como as águas rebentadas de uma gravidez

não queiras ser suporte de uma lâmpada
nem a luz redonda que fica no chão do teatro
escreve o nós como se o nós
fosse a vida diante do espelho
ou como aquele profeta que foi à morte e voltou
apenas com o pretexto de repetir a cena

caminha para o poema
pelo centro da dor das palavras
agita-as numa vontade de mar
até veres no fundo da música
os pássaros brancos


***

Vejo que nunca te disse como escuto música e, fico assim, a pensar nessa forma de caminhar, quando não me vês, de poder tocar-te sem que me sintas e, por vezes a escrever-te longas cartas em mar alto. Este quadro preso por trás de ti, sensibiliza o arrepio de saber o sabor-a-ti nos teus instantes de lembranças, tão objetivos a escorrer pelos traços negros e finos. Ouve-me com teu corpo? Ouve-se a música. Pinto os meus quadros quando escrevo-te inteira na palavra intocada sem restringir tudo o que não se esquece, como aqueles pássaros de água na qual pintaste com dedos, contornando as asas como quem depositas segredos. É assim que crio os alicerces, pelas páginas que me dedicas. Nada como amanhecer em chuva e, perceber que no pensamento arrisca distraidamente o que não cabe nas entrelinhas; o casulo onde me recrias.

(dueto)

9 comentários:

platero disse...

LINDO

abraço GRANDE

Anónimo disse...

Ora cá está um dueto que pode ser um "milhioneto", sem questionar!...

Também vejo os pássaros brancos no fundo da música!
Sorrio-te Flávio!

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

hahahaha!!!!
Ri a bom rir, Fausta!
Obrigada.

P.S. Estás a ficar um bocadinho valsâmica, a piar e a voar "vaixinho". Deve de ser do nevoeiro...

Deixa lá!
Sorri e abre o "ferrolho" ou fecha-o, já que de lá vêm aromas pouco gentis e mais gentios, diria!

Abraço, rapariga mal disposta!

Anónimo disse...

(Desculpem. Onde se lê "bocadinho" deve ler-se "vocadinho". Eu gosto mais de "vocadinho" é tão engraçado!!!

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

Ahahaha!!!

Demais!! Eras tu, então?!´

P.S. Deixa lá, Fausta, desculpa não conseguir zangar-me contigo, mas devo confessar que já te tive em maior estima! Não gosto do teu desfolhado!

Sempre gostava que voltasses um dia à minha cabeça!! Era um sonho que eu tinha, não sei! :))

Um abraço, Fausta, e não é verdade que devas abrir ou fechar o "Ferrolho". Por mim, és livre de fazeres o que queres. Se é entortar o olhos, pois, não receies! Fá-lo sem hesitação, ou com ela...

Fazes cá "fausta"! Falta, perdão! falta!
:)))))))))))

Beijo

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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