quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Programa de Tv (Parte III !)
continuando...
-- E reacções do público, tens alguma ideia?
-- É assim: ninguém vai perceber o que a gente vai dizer, mas isso é por estarem também a rir-se.
Estaremos todos na mesma sala de fumo, respiramos mesmos ares que não vai ser preciso falarmos!
No entanto há palavras que temos de dizer, porque senão um programa de televisão sem palavras saía pela porta fora denunciado.
A ideia é fazer o tráfico e o consumo cá dentro enquanto cantamos músicas de amor à divindade cá fora. Seita seremos, viciados ficarão. Seremos nós o irmão que nunca tiveram, o igual.
“Cada programa tem o público que merece.”
O esquema é simples. Vês as pessoas na internet? Não conseguem estar só num sítio, pois não?
Há pop ups, pop offs, informação em 3 janelas em 3D, não conseguem senão levar com cócegas, bonecos, som, luzes, acção.
No programa é assim também, quase conversa de surdos como os comentários uns aos outros no computador.
Depois mais tarde com o tempo podemos institucionalizar à vontade a surdez entre parladores.
Imagina-te agora como apresentador:
Se a plateia tiver conhecimento que a tua frase - por exemplo “sexo na banheira é uma asneira!” - pede um grito de guerra do género“YAÚ!”, estará sempre atenta ao teu programa para corresponder com o grito.
Jamais deixam de participar naquilo se para aquilo foram convocados.
É esta uma boa forma de ter a plateia na mão, alegre, expectante, olha que vem biscoito, atentos!
-- E não achas que os apresentadores se vão cansar com a estridência? Afinal de contas isto é para durar, e tanta carga, cor e movimento só pode gerar grande entopimento.
-- Claro, mas quanto mais cansados melhor, mais tensos, mais repetitivos, mais psicóticos, mais pessoa do dia a dia. Nota-se-lhes o sorriso amarelo que já não descola. Queremos criar-lhes hábitos.
Quanto muito cansado estás, passas a barreira do cansaço, não é?
Deixas de poder descansar, já não consegues, ficas mais desperto que nunca, lúcido ou não, não interessa.
Sempre em pé e imparável verborreico sim.
-- E reacções do público, tens alguma ideia?
-- É assim: ninguém vai perceber o que a gente vai dizer, mas isso é por estarem também a rir-se.
Estaremos todos na mesma sala de fumo, respiramos mesmos ares que não vai ser preciso falarmos!
No entanto há palavras que temos de dizer, porque senão um programa de televisão sem palavras saía pela porta fora denunciado.
A ideia é fazer o tráfico e o consumo cá dentro enquanto cantamos músicas de amor à divindade cá fora. Seita seremos, viciados ficarão. Seremos nós o irmão que nunca tiveram, o igual.
“Cada programa tem o público que merece.”
O esquema é simples. Vês as pessoas na internet? Não conseguem estar só num sítio, pois não?
Há pop ups, pop offs, informação em 3 janelas em 3D, não conseguem senão levar com cócegas, bonecos, som, luzes, acção.
No programa é assim também, quase conversa de surdos como os comentários uns aos outros no computador.
Depois mais tarde com o tempo podemos institucionalizar à vontade a surdez entre parladores.
Imagina-te agora como apresentador:
Se a plateia tiver conhecimento que a tua frase - por exemplo “sexo na banheira é uma asneira!” - pede um grito de guerra do género“YAÚ!”, estará sempre atenta ao teu programa para corresponder com o grito.
Jamais deixam de participar naquilo se para aquilo foram convocados.
É esta uma boa forma de ter a plateia na mão, alegre, expectante, olha que vem biscoito, atentos!
-- E não achas que os apresentadores se vão cansar com a estridência? Afinal de contas isto é para durar, e tanta carga, cor e movimento só pode gerar grande entopimento.
-- Claro, mas quanto mais cansados melhor, mais tensos, mais repetitivos, mais psicóticos, mais pessoa do dia a dia. Nota-se-lhes o sorriso amarelo que já não descola. Queremos criar-lhes hábitos.
Quanto muito cansado estás, passas a barreira do cansaço, não é?
Deixas de poder descansar, já não consegues, ficas mais desperto que nunca, lúcido ou não, não interessa.
Sempre em pé e imparável verborreico sim.
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