O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 28 de novembro de 2010

Baxio

cala a gargalhada, solta o pranto, soluça baixo o escárnio, dança sem modos o canto.
desagua o rio quando nasce. ri quando chora, cala o pranto.

grita em silêncio o engano.

voa a gaivota outro canto. branco tão branco

mar ou rio, salgado ou doce, nada o peixe

não ri

não chora

nada









nada/oco/vazio

espanto/branco

dor/sem cor/sabor

amargo/azia/azedo

medo/começo/morto

terra/semen/fértil-estéril

ventre/entre/mente/

vazio/oco/nada



cala a gargalhada - nada
solta o pranto - oco
Soluça baixo o escárnio - vazio
dança sem modos - branco
nada o peixe - ventre
caminha - mente

nada/oco/vazio

grita em silêncio o engano
baixio/lodo/lama/lótus


nasce a lua na noite

despe o sol o dia

morre a poente

no colo do ausente

2 comentários:

platero disse...

do ausente
instrumento
de acender o Sol

o alimento
frio
do que está por baixo

do baixio

ethel disse...

dá-me a semente/que ausente me sinto