domingo, 14 de novembro de 2010
Porque passamos a vida agarrados?
Porque agarra o recém-nascido tenazmente o dedo que lhe estendem? Porque agarra o moribundo intensamente a mão que lhe estendam? E porque, entre o nascimento e a morte, não cessamos de nos agarrar avidamente a tudo, desde a chucha às outras chuchas que são brinquedos, pessoas, casas, carros, carreiras, poder, prestígio, riqueza, prazer, experiências sensoriais ou espirituais? Porque passamos a vida agarrados? E porque é incómodo pensar nisto?
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11 comentários:
ainda há poucos dias ouvia um velhote
com ar sábio dizer, a propósito de cada um saber a que se agarrar:
"ninguém se agarra a carapêtos"
carapêtos são cardos - aqui no Alentejo
Abraço, bons sucessos literário/filosóficos
Platero, não será que agarrar faz de tudo carapêtos? Até de uma rosa?
Abraço
Porque é agarrado sabendo-se livre, que se aprende a estar e a ser por aqui.
minha quadra P´RA PULAR, perdida, que já nem sei reconstituir, dizia mais ou menos
:
ai meu irmão meu irmão
tu sabes como é
-há tanta gente a nos estender a mão
para de seguida nos tirar o pé
abraço
O recém-nascido, o moribundo, o que vive na ilusão da posse e não do passar, esse vive para não morrer: nados-mortos da vida, confundindo-a com posse, riqueza,
Quem ainda não realizou que a nada se deve agarrar (pois que tudo nos é livremente dado), sempre procura - pobre figura humana, trapo do sentimento e da ilusão,(trapo e manto, diria) que os deuses invejam,por não ficar. Por ser a morte humanidade nossa.
Para a avidez da vida, a maior secura cabe. Tudo deve ser tomado como bálsamo e doação e dádiva,
Quem é ávido da vida, não tem paz.
Sempre quer agarrar mais, para mais perder. Quem nada quer, não se agarra, desprende-se do que pesa, do que não é essência de vida.
Talvez que o façamo façamos para, paradoxalmente, iludirmos a morte,(quem a não reconhece vida), e assim nos subirmos aos deuses pela imortalidade de sermos...o que não somos nem podemos ser.
Livres que somos de nos ser deuses, divinos que nos sonhamos nada!
Vivemos agarrados como lapas à rocha, é tempo de abrar as mãos e o coração, também!
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