O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ela pediu-lhe que pusesse as mãos no fogo,
e ele pegou numa agulha em cada mão
e pôs-se a bordar pássaros de água

3 comentários:

rmf disse...

Bonito :)

... desfazendo assim a própria imagem que o contempla.

Abraço

rmf disse...

Reli..., e ao ler novamente, vejo os bordados de água, e não, na água...

A poesia, é isso, quer o olhar ver o que o coração não cala.

Vejo agora outras águas de sais vários, no entanto, estarei por certo errado ao interpretá-las como tal.

A poesia é, foi, e será sempre um mistério, um desafio, um enigma mediado pelo papel.

Renovado abraço.

rmf disse...

Parece retirado de um sonho, belíssimo!