O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Alguns excertos do Poema da Iluminação

"Conheces tu aquele tranquilo sábio que ultrapassou o
aprender e não se aplica a coisa nenhuma?
Ele nem afasta os pensamentos errôneos nem busca a
Verdade;
Sabe ele que em verdade a ignorância é a Natureza de
Buda (...)

Quando a Realidade é atingida, não há mais pessoa ou lei,
Os efeitos das acções que nos levariam ao mais profundo
dos infernos são dissolvidos em um instante (...)

Enquanto buscares o Buda exercitando-te propositalmente
para atingi-lo, não haverá realização em ti (...)

Andar é Zen, sentar-se é Zen;
Quer falando, quer ficando em silêncio, quer se movendo,
quer permanecendo quieto, a Essência está sempre em repouso (...)

Muito longe, nas montanhas, vivo numa humilde cabana;
Altas são as montanhas e densa é a sombra das árvores
- sob um velho pinheiro,
Sento-me quieto e satisfeito em meu lar monacal;
Aqui reina a perfeita tranquilidade e a rústica simplicidade (...)

Uma Natureza Perfeita circula em todas as naturezas;
Uma Realidade contém dentro de si a totalidade das realidades;
Uma só lua se reflete em todas as águas,
E todas as luas refletidas nas águas se originam de uma só lua (...)

O perfeito ensinamento 'abrupto' nada tem a ver com a imaginação humana (...)

Todos os sábios e esclarecidos são meros relâmpagos. (...)"

in Textos Budistas e Zen-Budistas, Editora Cultrix, pp. 133-47.

2 comentários:

Anónimo disse...

Porque é que publicaste isto ? O que é publicares isto ? O que é isto ?

afhahqh disse...

Anónimo:

Publiquei isto para partilhá-lo; publicar isto é partilhá-lo; isto é partilha.

Um abraço.