O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 14 de novembro de 2008




Na distância mora o fim dos meus rumos

O que dá às romãs o esquecimento

Do seu sabor ser apetecido

É treva densa a irromper do húmus


No vago torpor de cada momento

O princípio sempre já acontecido

A eterna saudade de não ter sido

Alucinação rubra e continuada


O pó da estrada de me perder

A noite revisitada da amurada

De ter partido um dia sem saber


Que a sorte não tem norte nem um porto

Chegar é quase ser tudo e estar morto

Lavrado de longes sou sem querer

6 comentários:

nas asas de um anjo disse...

gostei especialmente das 2 últimas estrofes.é um poema introspectivo, e profundo.

rmf disse...

Um canto, um soneto.
Sempre Paulo Feitais!

Um abraço amigo.

Semente disse...

Há entardeceres em que tudo isto nos passa pela cabeça ou pelo coração.

No fundo, são entardeceres saborosos, quase sempre lindos de sol e de mar...

E Romã... é um fruto do Amor...
Romã é o mesmo que escrever Amro ao contrário.

Paulo, belo regresso.
Confesso que já tinha muitas saudades desse Amor que escreve sempre com palavras suas*

Anónimo disse...

Sou fã deste Feitais de belo efeito!

Anónimo disse...

Paulo,

Na distância, dizias, também mora o princípio dos rumos... "Lavrado de longes sou sem querer" e chegar, Paulo,é nascer-

Agora a tua paisagem...meu Desus!
Importas-te que guarde nas minhas imagens?

Um abraço terno.

Paulo Feitais disse...

A todos o desejo de que estejam a ter uma excelente eternidade, branda, lúcida, plena de amor. ;)
E, saudades, a paisagem não é minha, é da Roca. :)