domingo, 30 de novembro de 2008
Silêncio (in Regatos de Ternura)
Até o nome universal dos tempos,
até o som dos silêncios
nada existe:
tudo é húmido vapor,
língua do ar.
Na dor cósmica apaream-se
as linhas da saudade
e a vida;
a energia
deita
longos caminhos
contra o caos.
Nada.
Apenas dor.
Ave que dizia amor
no tempo primitivo,
o da criação,
do verbo.
E tudo era tudo,
tudo era.
Fluido de existência,
energia do círculo,
da onda,
do número ínfimo
que mudou
para computar
em carne erótica
o átomo prequântico
dos beijos universais.
A concepção incolora
da cor,
a gestação insípida
do sabor,
o nascemento inodoro
do odor:
selvagem ternura das hidronímias
na terra dos rios
para o mar.
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2 comentários:
Porque padecemos da saudade?
Padecemos saudade? É o regosto agridoce dessa dor cósmica, o ponto de energia que deixa aparear-se as linhas da saudade e a vida. A saudade de ter nascido, a saudade de morrer, o eros universal. Acho.
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