O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Uma questão

O que é, para si, o Paraíso?

5 comentários:

Anónimo disse...

Nuno, para mim o Paraíso é coisa pouca... :)
O Paraíso é um pedaço de cobertor quando faz frio...
É uma breve aragem quando o calor sufoca; é o calor que sufoca e a aragem que o acalma; é um pedaço de pão se for o da memória de todas as infâncias... é o mistério que tudo envolve e é sabermos que essa é a mesma natureza do mistério...
o Paraíso é uma lareira e um cobertor; algumas flores amarelas na jarra...a luz de uma vela... e livros abertos e fechados, que se voltam a abrir e a fechar... com o pensamento a atar e a desatar linhas...ficções e enredos...
O paraíso são esses momentos em que nada sobra ou falta e tudo está certo em nós e no mundo...
O Paraíso são as lágrimas... uma casa no campo com muito verde, a cheirar a acabado de cortar...
O Paraíso é quando está frio e calçamos umas luvas e pomos um cachecol e pertencemos ao mundo, nós e o nosso frio e descemos a rua e cruzamos com as pessoas que também são nós e têm frio... É o cheiro do café, quando entramos no café a cheirar a café e a doces de pastelaria, e a pessoas que comem esses doces... e alguns estão tristes e alguns estão alegres e são bons e são maus... e sabem e não sabem...
Em Portugal, o Paraíso... lembrei-me agora, é esse «solzinho de Deus»...é o Tejo e a sua luz, o mar e os seus caminhos tão nossos... tão perto e tão longe... o Paraíso é a música que oiço, são os dedos que tocam as teclas, agora... é isso! o Paraíso é agora...
Como o Nuno diz:

Muita Paz!

O Paraíso somos nós, quando não somos só nós...

Desculpe aí a extensão incompleta do meu paraíso...

Anónimo disse...

És tu, Nuno.

Anónimo disse...

É não haver para mim.

Anónimo disse...

É amar o Inferno.

Anónimo disse...

É o recreio do que não tem nome.