domingo, 24 de fevereiro de 2008
Um texto sobre o apego e o amor
Realmente, o apego e a aversão são duas das maiores constantes nas nossas vidas. Pergunto-me se será possível viver sem ambas. Gostaria de viver sem aversão e, na verdade, que me lembre, tenho aversão por poucas coisas; não sou daquelas pessoas que dizem constantemente que adoram ou detestam isto ou aquilo.
Este texto surge a propósito da palestra sobre o Budismo, a que assisti ontem, proferida por Paulo Borges, o dono deste blogue. É que considero o amor uma das grandes libertações, se bem que tantas vezes nos prenda, a nós e aos outros, desta vida, porque algo intuitivamente bom... afinal, quem não gosta de se sentir acarinhado, um pouco de ternura, em suma, amado?
A minha questão, que deixo para o leitor e para os comentadores, é a seguinte: será o amor uma forma de apego? E, se todo o apego é mau, e sendo o amor uma forma de apego, o amor é mau? Ou nem todas as formas de apego são más, a saber, o amor, se for uma forma de apego?
A tese intuitiva e mais superficial é a de que não vale a pena odiar e que vale a pena amar. Mas a tese é superficial: afinal, não vale a pena odiar alguém como Hitler? Quem, no seu perfeito juízo, não odeia, detesta, sente aversão por, Hitler? Quanto a valer a pena amar, parece que é intuitivo que assim é, na medida em que, intuitivamente, é o amor que nos liberta da nossa condição de semi-escravos de um trabalho e subsistência tantas vezes desumanos.
Afinal, não seria muito melhor que a menina do texto de Ana Margarida Esteves fosse amada pela mãe ao invés de ser maltratada? O amor, o carinho, a ternura, não são intuitivamente bons? Penso que sim. Mas não serão também formas de apego? Poderemos amar alguém sem que nos apeguemos a essa pessoa? E esse apego, a existir, é mau? No fundo, estou apenas a repetir as questões do terceiro parágrafo.
Este texto surge a propósito da palestra sobre o Budismo, a que assisti ontem, proferida por Paulo Borges, o dono deste blogue. É que considero o amor uma das grandes libertações, se bem que tantas vezes nos prenda, a nós e aos outros, desta vida, porque algo intuitivamente bom... afinal, quem não gosta de se sentir acarinhado, um pouco de ternura, em suma, amado?
A minha questão, que deixo para o leitor e para os comentadores, é a seguinte: será o amor uma forma de apego? E, se todo o apego é mau, e sendo o amor uma forma de apego, o amor é mau? Ou nem todas as formas de apego são más, a saber, o amor, se for uma forma de apego?
A tese intuitiva e mais superficial é a de que não vale a pena odiar e que vale a pena amar. Mas a tese é superficial: afinal, não vale a pena odiar alguém como Hitler? Quem, no seu perfeito juízo, não odeia, detesta, sente aversão por, Hitler? Quanto a valer a pena amar, parece que é intuitivo que assim é, na medida em que, intuitivamente, é o amor que nos liberta da nossa condição de semi-escravos de um trabalho e subsistência tantas vezes desumanos.
Afinal, não seria muito melhor que a menina do texto de Ana Margarida Esteves fosse amada pela mãe ao invés de ser maltratada? O amor, o carinho, a ternura, não são intuitivamente bons? Penso que sim. Mas não serão também formas de apego? Poderemos amar alguém sem que nos apeguemos a essa pessoa? E esse apego, a existir, é mau? No fundo, estou apenas a repetir as questões do terceiro parágrafo.
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11 comentários:
Excelentes questões, Nuno. É realmente por essas questões que ainda não me tornei Budista.
Creio que o apego pode ser um obstáculo ao amor quando este impede que o ser amado cresça como tal. Quando tentamos transformar o ser amado num bonsai, do género: Quero que fiques aí como és para preencheres a minha vida e me entreteres com a tua maneira de ser exactamente como és agora, que me faz sentir tão bem. Esta é uma forma suprema de egoismo em nome do "amor".
Mas uma coisa é certa: Ver o ser amado partir para que cresça doi, doi muito ...
Relativamente á cena que descrevi no conto: Quando testemunho cenas como essas ponho em causa toda a minha fé na Humanidade. Ainda mais do que quando vejo um filme de Michael Haneke. Fico com medo que a nossa espécie ainda não tenha ultrapassado o nível de predador e que os relacionamentos humanos continuem a ser no fundo regidos pela máxima de Thomas Hobbes de que "o homem é o lobo do homem".
Tenho medo que tudo aquilo que são "sentimentos positivos" não sejam mais do que construções culturais destinadas a "domar" uma realidade muito mais sombria e a tornar a existência suportável.
Lembra-te também que, se a senhora em questão estava a bater na filha em público, para os traunseuntes e os clientes do café verem, era "para o seu bem";-).
Aaaaaaaaiiiiiiiiiii, não quero me tornar cínica antes do tempo.
Nota: O Paulo não é "dono" de coisa nenhuma;-) ...
amar é benevolere
querer bem ao outro
e às vezes esse querer bem implica «abrir mão do outro»...
And I find Hitler in my heart
From the corpses flowers grow
"And I find Hitler in my heart
From the corpses flowers grow
And I find Hitler in my heart
From the corpses flowers grow
Flowers grow
From the corpses flowers grow
Flowers grow"
Aversão por mim, Nuninho !?... Mas é isso mesmo que eu quero e é isso que consegui ! Vocês bombardearam-me uma vez, mas eu bombardeio-vos agora e para sempre, enquanto houver nos filhos dos homens aversão por mim ! Não percebem, parvalhões, que quem ganhou, ganha e ganhará a guerra sou eu !? Até ao fim dos tempos, enquanto se apegarem a ter-me aversão ! Os judeus, então, com a sua vitimização e ressentimento infinito, são os que mais continuam a minha obra ! Cá vos espero a todos, nas delícias do Inferno ! Ah ! Ah ! Ah ! Ah !!!!!!!
Com que entao confrontamos a nossa sombra, heim? Quem tem coragem, quem tem?
PS - Esse "antony" e um heteronimo muito mal arranjado. Quem conhece certos blogueiros que varejam na seccao de comentarios ve logo quem este sonhor e." Um pouco mais de criatividade, pah!
Cara Margarida, não sou outro senão Antony... Tenho uma banda, os "Johnsons"... Mas também sou tudo o que tu quiseres... Porque tenho Hitler no coração... Amo-te como a ele e ele ama-te como a mim e a todos os seres ! Não és tu que gostas do Diabo !?...
Amo o Diabo da mesma maneira que amo Deus e que te amo a Ti. Pois Deus, o Diabo e tu são um só: Pai, Filho e Espírito Santo, Bahman, Shiva, Vishnu, Odin, Loki e Thor ...
Energia que cria e destroi para criar outra vez ...
Serpente do Oroboros ...
Oooooooommmmmm shanti, shanti, shanti, shanti ...
Todos nós temos Hitler no coração, assim como temos Jesus Cristo e o Gautama Buda, Tu e todos os seres.
Nós somos todos os seres, do mais iluminado ao mais sombrio e temos todos os seres dentro de nós mesmos.
Somos todos os seres e não somos ninguém!
Divina aquela passagem do "Línguas de Fogo" em que o espírito de Agostinho da Silva confronta todo o horror, maldade e putrefacção que existe na alma humana e na Criação. Confronta-os para logo depois os transcender.
http://www.antonyandthejohnsons.com/index.html
para falarmos destas questões temos de saber o que é o "amor". É que é uma palavra a que se dá significados tão diferentes... por exemplo, vontade de possuir o que se ama, ver o divino no que se ama, necessitar do que se ama mais que a própria vida, estar disposto a morrer por aquilo em que se ama... etc, etc, etc. O Osho costumava dizer que a mente está sempre a colocar questões, mas o coração dá sempre a mesma resposta. Mas a mente não está interessada em obter resposta. porque a resposta seria o fim da mente. A mente quer prolongar as questões, sentir sempre o puzzle irresolvido, pois só assim subsiste. O coração vê o óbvio.
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