Nos tocava.
Um rigoroso instante
Com pomares de maçãs,
Rumores de navios
Distantes — vermelho o mar
A debruar
Os lábios, o estrume
Da chuva,
Teia de luz e penumbra
Suspensa da história de um abismo.
O que nos une é aquilo que se
Para.
Entre nós há frutos que tombam
Para cobrir o chão de noite.
Para calarem sobre lagos
Encantandos a voz das pedras
Noivas de nuvens e com dote.
Para que a sede nos devolva
A água.
Para selar os ecos onde vem o vento
(Adulterino, o que não espanta)
Desdizer o desenho do passado; para
Pastar a paz antiga, húmida,
Sobre o solo diurno e transitório.
Um instante, só,
Nos separava.
E era a eternidade
Que o movia.
Entre tanto, sobre o chão,
A tua sombra calma respirava.
2 comentários:
«Só um instante»...
E o eterno balido do mar
Entre uma vaga e outra
Murmura o nome
Que suspende o tempo
E o prende à sombra do dia.
Caminhas ainda encostado à luz
Presente nas palavras
Que atiras à distância...
O abismo curva-se
Nesse mesmo instante
Em que a ilha bem amada
Surge nos teus olhos nítida
Como um pedaço de céu
Oferecido em memória.
Só um instante
Te dará a paz
Que vai juntar
A sombra que ficou
À tua face límpida.
Belíssima resposta! Obrigado.
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