O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O último texto

Mais um sonho que morreu depois de uma prolongada doença que lhe foi minando a vida. Partiu resignadamente sem grande sobressalto, mas com as lágrimas de todas as mortes. No seu túmulo fica a inscrição de um poeta anónimo num interlúdio da vida.

“Canto as coisas selvagens,
As rosas vivas a romper os túmulos,
Os beijos agrestes sobre as falésias,
Os pôr-de-sóis em sangue a incendiar o mundo
Canto o teu coração livre a voar na ponta da mais branca asa!”

No mesmo momento em que o sonho morreu, a Liberdade teve um orgasmo com o Todo.

3 comentários:

Ana Moreira disse...

Conheço essa sensação ... para mim tornou-se uma certeza inabalável. Que este seja o primeiro de muitos textos sobre o amor, a liberdade e o Todo.

Que sejas sempre feliz!

Anónimo disse...

Tocou-me as liras do que ainda resta deste coração...Ao mesmo tempo é triste como uma tarde em agonia... lágrimas purificadas pela saudade, sentimentosimultaneamente diino e humano...
Envio-te boas vibrações.

Anónimo disse...

Um erro de concordância como o que escrevi no texto é uma nódoa que quero retirar já: «Tocou-me a lira que ainda resta...» Tocou-me as cordas da lira que ainda restam...»
Vou-me retirar,estou a acusar cansaço e um desgosto profundo...