O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Morte às ambições

Regressei da minha querida paz alentejana para o bulício, que detesto, da cidade. Por questões profissionais, bem vistas as coisas, ainda não tinha arranjado trabalho no Alentejo. A cidade é o lugar onde todos querem enriquecer e um lugar que nasce não da procura do encontro de culturas e mundividências, mas da vontade de sobrevivência. Por isso, é um lugar repleto, infestado, de ganância e ambição carreirista, que a mim passam ao lado, até ao dia em que seja infectado por tão portentoso vírus. Não me sinto triste, porque a cidade não dá azo a grandes tristezas mas, simplesmente, fodido - deixem-me fugir da hora de ponta, esse limiar representativo de tudo o que é mau, sensorial e inteligivelmente, e viver o sonho de uma imensa cidade pacificada pela deserção. Morte às ambições!

2 comentários:

luizaDunas disse...

Caro Nuno,

De que "cidade" falas? De que medo padeces tu?

Um beijinho

afhahqh disse...

Falo de Lisboa, que por sinal adoro em muitos aspectos e detesto noutros. Talvez padeça do medo de me perder ou de me não encontrar... de perder o controlo "Once upon a time I could control myself" (Pearl Jam). Talvez não padeça de medo algum (?).

Beijinhos.