Ás minhas amigas com vocação de "Mãe Terra" que dizem que, ao me entregar com tanta paixão a uma tese de doutouramento, á poesia e aos contos, estou a alienar-me do "feminino". Bem hajam, pois é sempre bom ter alguém que nos impeça de estarmos 100% certos daquilo que fazemos. É uma maneira de (tentar) garantir um pouco de lucidêz. Por isso, por favor, continuem a mandar-me calar.
CALA-TE!
Gritam linhagens de mulheres ancestrais lá do fundo do ventre da Deusa:
CALA-TE!
Cala a tua fútil versalhada.
Cala também as tuas inúteis locubrações lógicas, que nada mais farão que adicionar detritos ao lixo verbal que o esquecimento rumina em suas mandíbulas.
CALA-TE!
Não percebes que a mulher é por natureza criadora, pois tem o dom de extrair das suas entranhas o mais consciente dos seres?
Não percebes que a mulher é por natureza sábia, pois atende ás necessidades mais básicas e secretas, que quando deixadas sem resposta levam tudo o resto á ruina?
CALA-TE!
Não percebes que a mulher é por natureza artista, tecendo espelhos de galáxias no luar das rendas e dando forma aos primeiros sonhos nas canções de ninar?
Não percebes que a mulher é por natureza governante absoluta, pois os golpes das suas mãos são os únicos que estão acima de todas as leis?
Por isso
CALA-TE!
Não queiras colocar-te em bicos de pés diante da expressão carnal da Deusa.
Pois os parideiros de verbos não fazem mais nada do que recitar as dobras dos seus trajes de eunuco.
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3 comentários:
Há aqui vários problemas por resolver... O problema é que não sou psicóloga... Mantenho-me sã. Se ao menos toda esta gente se calasse e me sentisse !...
@s intelectuais e as "maes terras" sofrem do mesmo problema: Julgam que teem razao e descobriram a essencia da vida. O pior e que quanto mais julgam isso mais se afastam dessa essencia.
A verdadeira essencia nao tem nome nem forma. A verdadeira essencia e e nao e.
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