O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Apocalipse

Constelado no espaço surge um Homem
rosto em chamas
peito mil sóis fulgindo

De um dos olhos corre o Tejo
do outro flui o Ganges
Dão a volta ao universo
regressam unidos à boca que em fogo os sorve

Todas as coisas no coração clamam
Apocalipse !

1 comentário:

Isabel Santiago disse...

Se de um olho corre o Tejo, do outro flui o Ganges e juntos correm o universo, encontram o Reno...e assim um dilúvio consegue apaziguar as chamas violentas do apocalipse do coração.

"Era a voz do mais nobre dos rios,
Do Reno que nasceu livre,
E outra era a sua esperança, quando lá em cima dos irmãos,
O Ticino e o Ródano,
Se despediu para ir viajar, e impaciente
A alma régia o impelia para a Ásia.
Porém insensato é
Perante o Destino o desejar.
Mas os mais cegos
São os filhos dos deuses. Pois o homem conhece
A sua casa, e ao animal foi dado saber onde
Deve construir a sua, mas àqueles coube-lhes
Na alma inocente o defeito
De não saberem para onde hão-de ir."
Com Sócrates, no Fédon, Platão ensinou que há um dia e já a partir desta vida em que os poetas e os divinos devem começar a falar uns com os outros. E não precismaos do nome deles, basta lê-los para logo os conseguirmos reunir.