domingo, 30 de novembro de 2008
Bardo - a Fernando Pessoa, no dia da sua transfiguração
Screveste teu livro à beira-mágoa
Por não ser tua a Hora que anunciaste.
Tiveste teus olhos quentes de água
Por em ti não chegar Quem esperaste.
Que houveste tu,
da névoa e da saudade,
senão a mui grande coita
em que por vida andaste,
e a alterosa dor,
em ti sofrida,
da pátria e do povo
que cantaste?
Repousa, amigo,
que mais que o incerto sopro
foste o divino anseio
humano feito,
e,
por haveres desejado e não tido,
deste ao tempo a Hora
em que por tua obra
se conheça o Eleito.
- in Trespasse, Lisboa, Edições do Reyno, MCMLXXXIV, p.74.
Por não ser tua a Hora que anunciaste.
Tiveste teus olhos quentes de água
Por em ti não chegar Quem esperaste.
Que houveste tu,
da névoa e da saudade,
senão a mui grande coita
em que por vida andaste,
e a alterosa dor,
em ti sofrida,
da pátria e do povo
que cantaste?
Repousa, amigo,
que mais que o incerto sopro
foste o divino anseio
humano feito,
e,
por haveres desejado e não tido,
deste ao tempo a Hora
em que por tua obra
se conheça o Eleito.
- in Trespasse, Lisboa, Edições do Reyno, MCMLXXXIV, p.74.
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2 comentários:
Bela homenagem!
É Domingo, 14:45, e leio-o por Fernando Pessoa aliás, vou continuar a minha leitura de Domingo; tapadas as pernas com o cobertor - lá fora a neve congela. A televisão não existe, porque há muito que desfiz dela; resta-me a leitura e as tardes passadas à lareira saboreando um livro que jamais perderá o seu companheiro.
Um abraço, e bom Domingo!
adorei o último excerto pk, de facto, é esse incerto sopro que nos remete para o mistério de nós mesmos com/pelo/no mun(s) mundo(s) que somos, e nos (a)cercam.
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