domingo, 24 de fevereiro de 2008
vou deter o meu ímpeto...
Com coisas sérias não brinco. Sigo na minha vida um conjunto de preceitos no qual se conta um que me parece que ponho aqui em causa por causa dum "lapso", "erro", o que se lhe queira chamar.
Esse preceito é o de nunca tomar como meu o que nunca me for dado. E é óbvio que não me é dado o direito de escrever "detem", mesmo num poema (chamem-lhe o que quiserem) assim "armado ao pingarelho", por assim dizer.
Podia escrever aqui uma desculpa, brincar com a situação, ou algo assim.
Mas a compunção da caríssima Joana Serrado deixa-me bastante consciente da necessidade de levar a sério a minha Pátria, da qual não me gostaria de exilar.
É claro que poderia corrigir o "lapso" e fugir a reconhecer que manchei a dignidade desta Língua que amo desde o berço.
E é claro que está em causa, acima de tudo, a minha destreza linguística. E reconheço que é pouca.
Por isso deixo aqui o meu pedido de desculpas, a todos, e ao Paulo Borges, especialmente a ele, que tem sabido abrir espaços aos nossos sonhos. E deixo o meu obrigado a todos os que têm vindo aqui mostrar a sua beleza e partilhar os seus sonhos.
Até sempre!
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9 comentários:
Paulo,
O Paulo tem dado dignidade à Língua. E quem lê gosta de lê-lo, ainda que nunca tenha comentado o que aqui apresentou. Mas não ter comentado não significa que não reconheça já o seu estilo e, ou o tenha lido atentamente. Eu não sou a Língua mas sou leitora. E já sua leitora. A Língua agradece a todos os que escrevem com a alma despida e com os pés descalços, ela só não deve gostar dos que a usam para julgar ou ormanentar. Acredito que a Língua agradece tudo o que de belo e sensível, de som e sentido nos tem dado a ler. A Língua mais do que o lugar da acusação é um lugar de perdão.Foi isso que ensinou um grande poeta chamado Celan. Pense nisso antes de se condenar com tanta veemência e de modo tão incondicional. A Língua vê em si um filho atento que enche os signos de imagens e sons. Sente em si tanta humildade, que precisa dela para nela poder continuar a semear. Não gostaria, como sua leitora, que fizesse consigo o que a Línga não faz connosco. Não se condene. Escrever não é mais do que uma tentativa, e às vezes, tentados pela sua vertigem, erramos. Pense nisso. Só mais uma coisa: o Paulo pede desculpa, e eu como sua leitora, peço-lhe que fique mais um pouco. Que se demore um pouco mais...
Mas é o Paulo que sabe, bem sei...
Agradeço tudo o que escreveu. Muito.
Digo o mesmo ! Obrigado, Paulo, e não te auto-condenes.
Paulo, eu sou um mero acento agudo, um tracinho milimétrico, não me dês mais importância do aquela que tenho. Os teus textos são tão bonitos que nem sequer tinha dado pela minha ausência.
Isabel, o seu comentário é maravilhoso.
Na passada 5ª.Feira falava com uma amiga sobre a Serpente... e também falámos de ti, dos teus poemas e da beleza dos teus poemas...
- Às vezes fico a pensar quem será o Paulo Fetais ? - dizia ela
- Mas tu conheces o Paulo Fetais !
- Conheço ? !
- Sim. Faculdade de Letras, Out./2007... "Antero de Quental e Agostinho da Silva" ... ...
- Ah ! É ele o Paulo Fetais ! ...
- Sim...
...
Como vês Paulo, nós gostamos de te ler e, provavelmente, "os teus mestres que são os teus alunos" também ! Isto não era para dizer publicamente... pois não ? Desculpa. Fica.
A teus poemas são lindos Paulo Feitais. Não te condenes,continua connosco.
E já agora "Leitora" ele não é "Fetais"!
Nós e os lapsos ! Tens razão, acontece quando se escreve a correr e "em cima do joelho".
Desculpa o lapso Paulo Feitais.
Quando o céu está brilhante e espelhado, e a luz tem todo o espaço para ser dia... Uma nuvem, inesperadamente,corta o céu. Se ela não aparecesse, como saberiamos que a luz é luz?
Será por isso que a paisagem amua?
A humanidade nunca nos deve envergonhar. Um acento ou uma nuvem a mais no céu, não transfigura o todo nem a parte.
Se não somos tão belos como os deuses, não é razão para ficarmos tristes. Tal como a luz não fica triste pela interferência natural da nuvem. Somos humanos e queremos ser bons. Se calhar, já somos, mas insatisfeitos como é próprio da nossa condição.
Eu não sou os meus lapsos.
Eu sou um ser errante
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