O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Um romantismo de morte

É isso: se pudesse definir, o que é simplificar demais, a cidade e a vila em duas palavras, definiria a primeira como imunda e a segunda como munda.

Mas, provavelmente, há muitas pessoas e coisas mundas na cidade, embora me pareça tudo muito artificial, devido ao que creio ser a génese da mesma, a necessidade de sobrevivência, o desejo de enriquecer e toda uma série de actos que catalogaria como maus, estúpidos, ridículos, inúteis ou mesmo desesperados.

Na vila há uma simplicidade que a muito custo se encontra na cidade. Na maioria das vezes, essa simplicidade não passa pelos museus ou salas de cinema citadinos, que a transformam em produtos snobistas, podendo no entanto passar pela contemplação do rio a partir de um miradouro numa manhã solitária, as folhas que esvoaçam no chão, os raios solares que perpassam as ruas antigas e menos antigas... um romantismo de morte.

2 comentários:

Anónimo disse...

Anónimo

Sei o que é sentir o sossego e a paz que as grandes estepes nos transmitem.
Quantas fugas foram feitas para o interior do meu país, buscando a tranquilidade esperada.
Quanta nostalgia sentida no inferno burguês.
No entanto que se faça frente a esse mal.
haja valentia e optimismo!

Ana Margarida Esteves disse...

Ja leste Henry Miller? Aconselho-te vivamente "Tropico de Cancer", "Tropico de Capricornio" "O Pesadelo de Ar Condicionado" e o extraordinario "Os Colossos de Maroussi". Tenho a certeza que te vais identificar muito com a sua visao.

Um forte abraco,

A