O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Spears princesa encoberta (a partir de sugestão de Ana Margarida Esteves)

Trazias vestidos rosa e cetim
Com caudas reptílias e bolhas ensaboadas
E cem borboletas pautavam-te o ar.

Cantavas sonhos com príncipes encantados e sapos quá quá
Na tua boca gulosa bubblegummes de iogurte morango e frutos silvestres,
Fazias balões.

Virginal querida das meninas
Mudaste o disco para não tocares o mesmo
Ficaste doidona para espanto de muitos
Vestiste latex, rapaste o cabelo,
Cresceu-te o cabelo, puseste peruca,
Os homens te comem, tu comes os homens
E danças varões
E Ai que és das trevas.

Trazias vestidos e trazes biquinis
Qual é a diferença?,
Como dizia o outro.

Fizesses um lifting,
Fizesses um brushing,
Abrisses franchising,
Viciasses no bowling,
Morresses no jumping
E Ai que te desgraçavas!
É que eles ainda não sabem que sabes de marketing.

Um beijinho, Brites.

1 comentário:

Ana Margarida Esteves disse...

América,
das filhas dos homens a mais pura,
beija-nos o rosto, tu que olhas fascinada
para o falo com que injectámos o teu corpo virgem
com os nossos devaneios.

América,
das filhas dos homens a mais puta,
abraça-nos ternamente, tu que caminhas desajeitada
nos tacões altos que te emprestámos,
para que a queda seja mais doce
quando o chão se abrir sob os nossos pés.

E que a nossa garganta roufenha remoce
ao juntar-se á tua nesta canção embriagada.

Par ce que oui, Messieurs, Dames,
il y a de la musique
dans l’Amerique,
la merdique.