O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Soneto leve do Nada e do Tudo

O nada vem do tudo
no escuro se esconde a cor
o grito vem do mudo
inevitável arde a infinita dor

do tudo na carne do nada
misterioso florece a flor
na noite preta e alada
o nada é um poema sem teor

brilhante nas cavernas do ser
na órbita do olho luminoso
podemos o tudo sempre perder

mas o nada é muito generoso
o nada é o tudo poderoso
e o tudo é o nada sem querer

2 comentários:

Anónimo disse...

Como é que o nada vem do tudo ?

Anónimo disse...

E Como será que o tudo vem do nada?